Numa semana rica em assuntos em torno do estado do futebol português, Rui Vitória não se coibiu de comentar algumas das questões em debate, nomeadamente a greve dos árbitros e o vídeoárbitro.

Na conferência de imprensa que servia de antevisão ao jogo com o Feirense, o treinador do Benfica salientou a importância de se «refletir» sobre o futebol português, destacando a iniciativa de Fernando Gomes na Assembleia da República.

«O presidente ter tido esta iniciativa é algo que registo com grande apreço, quer pelo perfil, quer pelo cargo que ocupa, pelo que representa, é uma das entidades que pode ajudar a que se faça algo de diferente e fico contente»

«Temos de pensar e refletir sobre o futebol português, porque isto é uma questão cultural, de educação, que temos de repensar. Só quando algo de mais grave acontecer no nosso futebol, no futebol todo, é que vão fazer alguma coisa. Lá fora vamos ficando com representações muito boas em termos de clubes e Seleção, mas depois a imagem que passa lá para fora é negativa. Só quando uma coisa catastrófica acontecer é que arrepiamos caminho. Acho que o presidente pode ser catalisador dessa reflexão. Mais do que termos de fazer, é fazer. É fundamental tomar posições e penso que a melhor pessoa para fazer é o presidente da Federação», começou por dizer o técnico.

Rui Vitória rejeitou fazer um balanço à utilização do vídeoárbitro até agora, mas considera que a nova tecnologia não veio resolver os problemas que antes já existiam.

«Estou à vontade porque fui dos primeiros a dizer que seria uma fase de adaptação, que não resolveria os problemas todos, que todos tínhamos de nos adaptar a esta fase de mudança, adeptos e os próprios árbitros. Esta fase de adaptação é para toda a gente. Vê-se falar dos lances e passadas estas semanas não se resolve nada»

«Afinal o vídeo-árbitro veio para repor a verdade desportiva, e não sei trouxe ou não, não estou para fazer balanços nesta altura, mas não resolve os programas televisivos, os problemas, as quezílias, não resolve nada. O problema não está no vídeoárbitro, estás nas interpretações. É mais profundo do que isso, é uma questão cultural», sublinhou.

Quanto à greve dos árbitros nos jogos da Taça da Liga, o técnico encarnado pediu compreensão:

«Todos nós queremos que tudo funcione de forma positiva e corra bem, em qualquer setor da nossa sociedade. Eles mais do que ninguém sabem o que precisam para o seu futuro, o que é melhor para as suas carreiras. É importante que se resolva para todos nós, mas é como no resto da sociedade. O importante é que as pessoas se sentem, reflitam, que nos possamos sentar e discutir. Mais do que discutir, passar à prática com iniciativas para melhorar o futebol português», concluiu.