Escolhido por Rui Costa para comandar a equipa do Benfica numa altura em que Jorge Jesus está de saída do clube, Nélson Veríssimo tem uma longa ligação aos encarnados.

O técnico de 44 anos esteve sempre ligado aos quadros das águias desde que em 2012 terminou a carreira de futebolista e se iniciou como treinador (adjunto da equipa B com Norton de Matos e Hélder Cristóvão), mas antes disso esteve quase uma década ligado ao clube, tendo ali feito quase toda a formação. Na segunda metade da época de 1995/96, pouco antes de completar 19 anos, estreou-se oficialmente na equipa principal do Benfica, que era então orientada por Mário Wilson, que pouco depois do início da temporada assumiu os destinos da equipa após o despedimento de Artur Jorge.

Tal como Mário Wilson, que recebeu a alcunha de «bombeiro da Luz» por, na década de 90, ter aceitado treinar a equipa em períodos críticos no futebol encarnado - após as saída de Artur Jorge em 1995 e de Graeme Souness em 1998 - Nélson Veríssimo vai assumir a equipa principal do Benfica pela segunda vez.

A primeira foi no verão de 2020, altura em que substituiu Bruno Lage quando o então presidente Luís Filipe Vieira cortou a ligação com o agora treinador do Wolverhampton, e decidiu promover Veríssimo, então adjunto daquele que é até aos dias de hoje o último técnico campeão pelas águias.

Veríssimo orientou o Benfica em seis jogos: venceu quatro, empatou um e perdeu outro, o último, diante do FC Porto na final da Taça de Portugal.

Depois de conduzir a equipa na reta final de 2019/20, deixou os quadros do clube por alguns meses, regressando há precisamente um ano para substituir Renato Paiva, que deixou a equipa B para rumar ao Independiente del Valle, do Equador, onde se sagrou recentemente campeão nacional.

Encontrou a equipa no 15.º lugar da II Liga com 13 pontos em 13 jogos, apenas dois pontos acima da zona de despromoção, estreou-se com uma goleada por 4-0 sobre a Oliveirense e o salto na classificação foi considerável: o Benfica B terminou a época no 8.º posto com 44 pontos.

Nesta temporada, o conjunto secundário dos encarnados está para já no primeiro lugar da II Liga com quatro pontos de vantagem sobre o vice-líder Feirense, equipa que Veríssimo ia defrontar nesta terça-feira, dia em que teve de regressar, ainda de manhã, de urgência ao Seixal para orientar o treino da tarde. Tomás Araújo e Paulo Bernardo, jogadores que se estrearam com Jorge Jesus nesta época e que treinam habitualmente com a equipa principal, têm sido duas das principais figuras dos bês.

Seguindo um padrão da formação do clube, Veríssimo adopta na equipa B preferencialmente o sistema 4x3x3. Foi, aliás, dessa forma que vestiu a equipa principal no período pós-Lage, atuando com Seferovic ou Carlos Vinícius na frente com Chiquinho nas costas de um deles e Pizzi e Rafa sobre as faixas.

Há cerca de um ano, recorde-se, Jorge Jesus adotou o 3x4x3 ou o 3x5x2, que mantém até aos dias de hoje sem que isso se reflita em resultados desportivos satisfatórios para evitar o desfecho agora conhecido.

Às portas de um novo clássico no Dragão, que pode ditar as aspirações do Benfica ainda lutar pelo título de campeão nacional em 2021/22, Nélson Veríssimo toma as rédeas da equipa principal. De mangueira na mão, tal como o «velho capitão», e disposto a apagar os focos de incêndio evidentes e restaurar o moral (e o futebol) de uma equipa em crise.