Discutir o jogo. Cinquenta/cinquenta.

Quem escutou as palavras de Nélson Veríssimo na antevisão ao jogo com o Liverpool terá torcido o nariz à ambição mostrada pelo treinador do Benfica. Afinal, como é possível uma equipa que está a fazer uma das piores épocas dos últimos anos a nível interno, ser capaz de discutir um jogo com uma das melhores equipas da Europa?

Mas este Benfica de 2021/22 é um verdadeiro case-study. Pelo muito que tem mostrado na Champions comparativamente com o pouco que se tem visto dele na Liga; e até pela forma como se consegue superar num jogo, como aconteceu nesta terça-feira diante do Liverpool durante os segundos 45 minutos na Luz. 

Golos de Konaté (17m) e Sadio Mané (34m) fizeram a diferença numa primeira parte de domínio quase total dos reds e na qual qual só um Vlachodimos em bom plano permitiu evitar a queda para o abismo.

A clarividência de Thiago Alcantara; a perspicácia de Keita; a frieza de Van Dijk; o pé direito de Arnold; a velocidade de Salah e o serpentear de Díaz. A capacidade de criar perigo num estalar de dedos.

Tudo aquilo que faz deste Liverpool uma equipa especial viu-se na Luz, sobretudo nos 45 minutos iniciais. Do Benfica viram-se dificuldades no controlo da profundidade dos homens da frente, perdas de bola a meio-campo que deixaram a equipa exposta e mau aproveitamento das transições.

No regresso para a segunda parte, o Benfica foi outra equipa. Talvez porque o Liverpool, sentindo que tinha o jogo seguro e sabendo que no fim de semana há jogo com o Manchester City, o permitiu, mas também muito pela transfiguração na organização e na atitude da equipa da casa.

A reentrada na eliminatória estaria dependente da estabilidade defensiva – que faltou até aí – da redução de erros no meio-campo, e da capacidade de Rafa e Darwin aparecerem no jogo e instalarem a dúvida na defesa dos reds.

E o Benfica conseguiu juntar tudo isso durante o seu melhor período.

Aos 49 minutos, Darwin reduziu a desvantagem e a Luz incendiou-se. Até aos 65 minutos, os encarnados foram melhores do que o colosso inglês. Everton teve a felicidade no pé direito; Darwin o bis na cabeça.

A tripla substituição de Klopp pouco depois da hora de jogo permitiu ao Liverpool começar a readquirir o controlo do jogo e no ataque das águias já escasseavam energias gastas numa segunda parte de entrega máxima e intensidade elevadíssima.

Mas só assim era possível ganhar o respeito deste adversário. E o Benfica ganhou-o, antes de aos 88 minutos o ex-FC Porto Luis Díaz, que já havia assistido para o 2-0, apagar a Luz.

(IMAGENS ELEVEN)