João Cancelo falou em entrevista ao Canal 11 e recordou a mãe, que faleceu num trágico acidente de automóvel, no qual o próprio lateral direito também seguia viagem. Passados vários anos, João Cancelo diz que já ultrapassou o trauma e que consegue falar do que aconteceu.

«Falo sem qualquer problema, porque sei que a minha mãe está muito orgulhosa do meu percurso. A única coisa que me falta é ela. Hoje tenho tudo, tenho uma filha lindíssima, tenho uma família também lindíssima e quem mais merecia ver o meu sucesso era ela. Mas sei que certamente ela está orgulhosa de mim», começou por dizer o lateral do Manchester City.

«Sempre que posso vou à campa dela, rezar e pedir-lhe para me abençoar, para abençoar os meus passos, e sei que ela o está a fazer, porque cada ano da minha carreira tem sido de progresso.»

João Cancelo admite, de resto, que na altura foi muito complicado ultrapassar o trauma da perda da mãe, numa altura em que ele era ainda um adolescente e ela era tudo o que ele tinha.

«Não vou mentir, a minha mãe era o suporte da minha vida, tudo o que tenho devo ao meu pai, também, porque era emigrante na Suíça, mas devo-o principalmente à minha mãe, que tinha três trabalhos por dia. Naquela altura eu vivia em casa dos meus avós, muito poucas vezes a via e às vezes as pessoas que mais queremos ter por perto para que vejam o nosso sucesso, já não as temos», referiu.

«Isso ensinou-me a lidar com as pessoas de outra maneira, a não deixar nada por dizer. Sinto que ficaram muitas coisas por lhe dizer. Em relação ao futebol, senti vontade de desistir. Estive um mês em casa sem treinar. Os dirigentes do Benfica ligavam-me e eu dizia que não queria sair de casa, que não conseguia. Não me sentia preparado para voltar a jogar futebol.»

Uma conversa emocionada com o pai foi o clique para João Cancelo voltar a viver.

«Até um dia em que o meu pai falou comigo, disse-me que não podia voltar a ser emigrante porque tinha de tomar conta de mim e do meu irmão, e foi a partir das lagrimas do meu pai que decidi voltar a jogar. Hoje tudo o que faço é em memória dela e todos os títulos que ganho, individuais e coletivos, serão em memória dela. Uma mãe é uma mãe e ela é sem dúvida o amor da minha vida.»