Na entrevista que encerrou o ciclo de oito anos pelo Benfica, João Neves desdobrou-se em agradecimentos, memórias e esclarecimentos. De modo a «arrefecer» os ânimos dos adeptos das águias sobre os contornos da saída para o PSG, o internacional português começou por «escudar» a administração de Rui Costa.

«Se eu quisesse mesmo ir embora, e se o Benfica quisesse mesmo que eu fosse embora, já tínhamos resolvido isto há muito tempo. Achamos ser o melhor para as duas partes, em termos financeiros é bom para o clube e é bom para mim. Falei algumas vezes com Rui Costa, tínhamos sempre a mesma opinião. Não foi fácil para o presidente. Estava muito emotivo. Quando acordámos o momento para eu sair, o presidente mostrou uma “lagrimazinha”, e eu também, chorámos um bocado os dois. Mas é como já disse, foi bom para o clube. Não há nada acima do clube, nem eu estou acima do clube», disse aos meios do Benfica.

Questionado sobre as metodologias de Roger Schmidt, João Neves agradeceu a oportunidade de despontar na equipa principal, desde dezembro de 2022, em Braga.

«Há males que vêm por bem. O Mundial a meio de uma época não é costume. O “mister” conversou comigo, gostou de mim e continuou a perguntar ao “mister” Luís Castro, na altura na equipa B, se eu poderia continuar a ir treinar à equipa principal. Fui ficando...Nunca saí da convocatória. Claro que eu não estava à espera, foi uma progressão muito acentuada, mas também fruto daquilo que fiz. Quando falo de Roger Schmidt, só tenho de lhe agradecer. Foi ele que me deu a oportunidade, que acreditou em mim. Nunca me esquecerei», relatou.

Descrevendo o treinador alemão como «um ser humano fantástico», João Neves ressalva que o desfecho do último campeonato se deveu à prestação dos jogadores: «As ideias estavam certas, e nós sabemos disso».

Dado o mote, o jovem médio recordou a «promoção» ao plantel às ordens de Roger Schmidt.

«Nunca tinha ido, mesmo se faltassem jogadores. Senti um bocado de ansiedade. Olhava para os jogadores com estatuto, como o André Almeida. Ele, em específico, acalmou-me. Lembro-me, disse-me para eu só fazer o meu jogo. Ainda levou um bocado até me equipar no balneário da equipa principal. Mas, mesmo no final, ainda sentia nervosismo, porque realmente preocupo-me», revelou.

Rebobinando até ao golo em Alvalade – em 2022/23 – e ao golo na Luz, também frente ao Sporting – na última temporada – o jovem médio garantiu ainda se arrepiar ao rever os lances.

«Foi o meu primeiro golo na Luz. E foi novamente aos 90m, mais uns minutinhos. Esse golo é o mais especial da minha precoce carreira. Foi o golo do empate, e a cereja no topo do bolo foi o golo do Casper [Tengstedt], aos 90+7m. Ainda hoje me arrepio. [Esse dérbi] Em termos emocionais e dentro de campo, foi o melhor momento, mas levantar o troféu do 38.º campeonato deu muito mais prazer», anotou.

Antes de apontar à nova temporada das águias, João Neves revelou que Ángel Di María foi «o melhor» com quem partilhou balneário, graças ao «pé esquerdo mágico» e à «tranquilidade e precisão» no momento do remate. Em todo o caso, o argentino não foi quem mais surpreendeu o jovem médio.

«Chiquinho. Pela maneira de estar, pela maneira de trabalhar e pela qualidade dele», rematou.

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Ora, para os próximos meses, João Neves revela-se entusiasmado, à boleia de um grupo «unido» e de «contratações muito boas».

«A união de grupo está qualquer coisa de especial. Estão fortes, concentrados e mais motivados para o que aí vem», concluiu.

O médio deixou o Benfica a troco de 59.9 milhões de euros, num negócio ao qual poderão ser acrescidos mais 10, face aos objetivos contemplados no acordo. O vínculo entre João Neves e o PSG é válido até 2029.