A FIGURA: Otamendi
Além de restabelecer o empate aos 84 minutos – resgatando a esperança das águias em Miami – o capitão do Benfica conquistou o penálti cobrado por Di María (2-1) e liderou o setor recuado, muito castigado entre os 22 e os 45+9 minutos.
No rescaldo à estreia neste Mundial de Clubes, o defesa central acumulou nove alívios, uma interceção, 90 toques na bola, bloqueou dois remates, sofreu quatro faltas, concretizou 56 passes em 66 tentados e venceu nove dos 11 duelos protagonizados.
Em sentido oposto – e até porque esta foi a exibição “menos má” do Benfica – o argentino perdeu a posse por 12 vezes. A conquista de um penálti e o golo foram os principais destaques nesta exibição.
O MOMENTO: Merentiel faz desmoronar o aparente domínio contrário, 22 minutos
Após uma iniciativa sublime do lateral Blanco, o ponta de lança uruguaio, de 29 anos, desviou ao primeiro poste e inaugurou o marcador. Mais do que isso, Merentiel inverteu as sensações na turma de Bruno Lage, que se entregou à confusão – algo inédito no encontro até àquele momento. Antes do golo inaugural, o Benfica contava com mais de 60 por cento de posse, era a única equipa a atacar e a criar oportunidades de golo. A partir dos 22 minutos, essa toada não regressou. Evaporou-se.
As águias tornaram-se nervosas, desorganizadas, impacientes, erráticas e ansiosas, pelo que o Boca Juniors aproveitou para duplicar a vantagem. Até aos 80 minutos, o desfecho parecia previsível. Até que surgiu Otamendi.
O Boca Juniors não soube gerir a partida com bola no pé – para lá do antijogo.
Outros destaques.
Di María: a princípio foi maestro, perto do intervalo foi eficaz – convertendo o penálti – e na etapa complementar, até sair, foi mero vulto. Uma exibição de mais a menos do argentino, porventura mais útil a partir do banco, pelo engenho de explorar o espaço em velocidade e contra-ataque.
Renato Sanches: numa partida importante nas contas do grupo, pressupõe-se que o treinador vai apostar nos melhores. Não aconteceu – Renato foi a jogo e rapidamente alinhou na bitola do Boca Juniors, desligando-se da partida. Teve uma boa oportunidade para inaugurar o marcador, ao sexto minuto, e foi quanto se viu do médio. A entrada de Kökcü, aos 61 minutos, vincou as evidentes diferenças.
Samuel Dahl: protagonista nos dois golos sofridos, ao perder disputas aéreas, transmitiu pouca segurança, ora na construção, ora na transição defensiva. Saiu ao intervalo, de forma expectável.
Carreas e Aursnes: exibições discretas destes pilares do Benfica, silenciados pela marcação agressiva do Boca Juniors, mas também pela desorganização nos momentos de transição ofensiva.
Belotti: lançado ao intervalo e expulso aos 72 minutos, praticamente não contribuiu. Fez dois passes.
Pavlidis: neutralizado pela defesa contrária, não encontrou espaço para ajudar na transição, ou para escapar na profundidade.
Merentiel e Battaglia: oportunos no momento de finalizar, foram cruciais para o Boca Juniors edificar a vantagem. Foram assistidos por Blanco e Costa, respetivamente, em momentos que evidenciaram a desorganização do Benfica.
Figal: a entrada sobre Florentino é difícil de qualificar, o espelho de um futebol agressivo, pouco apaixonante. Um vermelho que deveria valer punição distinta.
Ander Herrera: frustrado com a lesão na primeira parte, foi expulso enquanto o árbitro revia o lance que culminou no penálti a favor do Benfica. Uma atitude incompreensível do médio espanhol, outrora no Manchester United, PSG e Athletic Bilbao.