Bruno Lage regressou no verão passado ao Benfica, onde já tinha estado entre 2004 e 2012. Durante esse período, o técnico de 42 anos passou por quase todos os escalões das águias, desde Escolas a Juniores, com dois títulos de campeão nacional pelo meio: um nos iniciados (2008/09) e outro nos juvenis, em 2010/11, com uma geração onde despontavam jogadores como Rony Lopes, João Cancelo e Bernardo Silva.

Após sair do Benfica, Lage rumou aos Emirados Árabes Unidos. Esteve dois anos no Al Ahli, onde trabalhou na formação e na equipa B. Tornou-se próximo Carlos Carvalhal, então coordenador técnico do clube do Dubai, e seguiu com ele para Inglaterra em 2015. «Já o conhecia do passado, tinha feito vários estágios com ele e tivemos a oportunidade de nos tornamos amigos», recordou em entrevista à BTV em julho deste ano.

Depois de um trabalho regular no Sheffield Wednesday, com duas idas ao play-off de subida, deixaram Sheffield e rumaram ao País de Gales antes do Natal de 2017. Não obstante o arranque promissor e os bons sinais globais deixados no Swansea, a equipa galesa não evitou a descida da Premier League ao Championship: era última na viragem do ano e terminou a prova no penúltimo lugar a três pontos da permanência.

Quando chegou ao Benfica pela primeira vez, com 28 anos, Bruno Lage já carregava um lastro de mais de meia década de experiência como treinador. Licenciado em Educação Física, Saúde e Desporto, iniciou-se nas camadas jovens do V. Setúbal, tendo passado depois por várias outras equipas da região e não só: 1.º Maio (antigas Escolinhas do Quinito), Comércio e Indústria, Estrela de Vendas Novas, Fazendense e Sintrense, tendo trabalhado em alguns projetos com Jaime Graça, antiga glória do Benfica e do V. Setúbal, que confessou ser o seu mentor.

Em 2004, o clube encarnado estava em reestruturação. À semelhança da equipa principal, também os escalões de formação não tinham um lugar fixo para treinar. A 22 de setembro de 2006, o centro de treinos das águias foi inaugurado no Seixal: «Fizemos um dos primeiros treinos e o primeiro jogo também aqui. Foram momentos que marcaram uma nova era no Benfica», disse.

O vasto conhecimento ao nível do futebol de formação e na transição para o patamar profissional levou-o a lançar em 2017 um livro. ‘Formação: da iniciação à equipa B’, editado pela Prime Books e prefaciado por Carlos Carvalhal, levanta o pano acerca do trabalho desenvolvido durante os oito anos ao serviço do Benfica e nos dois em que esteve no Al Ahli.

Irmão de Luís Nascimento, atual treinador dos juvenis do clube, Bruno Lage ocupou o lugar deixado vago por Hélder Cristóvão na equipa B, atualmente no 4.º posto da segunda Liga com 27 pontos. «É o projeto certo no momento certo», assumia à BTV pouco depois do regresso ao Benfica. «É um facto que vou ser o treinador principal de uma equipa, mas o que sinto como treinador da equipa B é que serei mais um adjunto naquilo que é o trabalho fundamental da equipa A. É nosso dever tentar potenciar ao máximo os jovens jogadores e as ideias do clube ao nível da formação.»

Agora, Rui Vitória não resistiu ao segundo terramoto e cumpre-se a profecia de Lage. É, finalmente, treinador de uma equipa principal: a do Benfica.