O presidente do Benfica aprofundou nesta sexta-feira os negócios levados a cabo pelo clube neste mercado de verão.

Entre eles, Rui Costa falou sobre as saídas de três dos jogadores que motivaram elevados investimentos nas últimas épocas: Darwin, Everton e Yaremchuk.

Sobre o avançado ucraniano, que ficou apenas uma época na Luz após ter sido contratado ao Gent por 17 milhões de euros por 75 por cento do passe (águias compraram depois a restante fatia por 3 milhões de euros), Rui Costa admitiu dificuldades de adaptação a um novo país e a invasão da Rússia à Ucrânia para justificar o baixo rendimento.

«As pessoas não fazem a menor ideia do que este rapaz passou ao longo desta última época. Muda de país, sai da zona de conforto dele na Bélgica, vem para um clube desta dimensão, tem dificuldade de adaptação inicial também em relação à língua e por aí fora. E depois inicia-se uma guerra no país dele com os pais no meio da guerra. Nas primeiras duas ou três semanas de guerra, o Yaremchuk perdeu seis quilos. Apresentava-se nos treinos sempre com uma disposição tremenda, mas com uma dificuldade real de poder fazer aquilo que ele sabe fazer, condicionado por estes fatores. Depois, aparece uma situação na Bélgica, que é a sua zona de conforto. E entendemos ambos que era o melhor para as duas partes», disse sobre a transferência para o Club Brugge.

Rui Costa comparou de certa forma o caso de Yaremchuk ao de Everton, que também esteve longe de render aquilo que era esperado após ter sido contratado por 20 milhões de euros ao Grêmio em 2020. «É indiscutível a qualidade deste jogador. Quando o Benfica o contratou, era um titular da seleção do Brasil. A única coisa que é discutível é a adaptação ao clube e ao país. E o Everton não teve a adaptação esperada por nós e por ele ao Benfica. Chegámos a um patamar em que considerámos que a saída do Everton para a entrada de outro extremo, que foi o Neres, seria uma mais-valia para nós e também para ele», destacou.

Tanto Yaremchuk como Everton deixaram o Benfica por valores inferiores aos que o clube encarnado pagou por eles. Para Rui Costa, o risco de a perda ser ainda mais acentuada levou as águias a tomar esta decisão, numa lógica de minimização de danos.

«Um dos planos do clube não era perder dinheiro, mas consideramos que é ganhar dinheiro a fazer stop-loss em determinadas situações. Os casos do Everton e do Yaremchuk são paradigmáticos. Esperávamos que viessem a ser mais-valias substanciais, mas se ficassem no plantel com uma menor utilização, no próximo ano essa valorização seria cada vez menor. Fazer stop-loss nestes casos era o indicado», disse o presidente do Benfica.

Sobre a venda de Darwin ao Liverpool, Rui Costa disse que era inevitável, não só pelos valores envolvidos, mas também pela realidade financeira que o avançado uruguaio tinha à espera dele no clube inglês. «Estamos a falar de uma das transferências mais altas do mercado. Estamos ainda a sair de uma situação pandémica que travou, e de que maneira, o mercado internacional do futebol. Fazer uma venda de 75 milhões mais 25 que tenho a expectativa de alcançar acho que tem pouca discussão. (…) Estamos a falar em 100 milhões e o Darwin está mais do que justificado. Não havia sequer condições [para manter Darwin] e há uma parte que as pessoas têm também de perceber, que é o que o jogador pode auferir para onde vai. Manter Darwin era praticamente impossível», concluiu.