A passagem de Siqueira pelo Benfica foi de apenas uma temporada (2013/14) mas o brasileiro esteve muito perto de nem sequer vestir a camisola dos encarnados. Isto porque, a 31 de agosto de 2013, último dia do mercado de transferências, também o Real Madrid entrou na disputa pelo jogador, na tentativa de colmatar a saída iminente de Fábio Coentrão para o Manchester United.

O Maisfutebol já tinha contado na altura, mas agora foi o jogador a explicar o que sucedeu naquele dia em que «foi do Real Madrid por meia hora».

«Quando terminei a temporada com o Granada, estava a conversar com alguns clubes, entre eles o Real Madrid. Disseram que podia chegar uma boa oferta pelo [Fábio] Coentrão. Rejeitei uma proposta do Liverpool para esperar pelo Real Madrid, o que poderia não acontecer. O tempo passou, eu estava na pré-época com o Granada e as coisas não progrediram. Fiquei calmo. Se não fosse o Real Madrid seria outro clube», começou por contar em entrevista à Marca.

Foi já na reta final da janela de verão que os encarnados mostraram interesse em Siqueira. «Acordei no dia 31 de agosto e não tinha nada. Às onze da manhã recebo uma chamada do meu representante a falar do Benfica. Tive companheiros que jogaram lá e me falaram muito bem sobre o clube e disse: 'Vamos'.»

Mas tudo mudou quando entrou no avião. «Chegou uma oferta do Manchester United pelo Coentrão e o Real ligou. Queriam que aparecesse em Madrid para poder assinar e eu estava no avião para partir para Lisboa. Não sabia o que fazer. Para mim era um prémio ir para o Real. Quando cheguei a Lisboa, liguei o telemóvel e recebi chamadas do presidente do Granada, dos meus representantes e, claro, das pessoas de Portugal.»

O antigo futebolista chegou mesmo a assinar com os merengues. «O que fiz foi assinar um contrato no aeroporto de Lisboa com o Real Madrid. Eles levaram-me para uma sala onde ficam os aviões privados, nem precisas de sair do aeroporto. Recebo um fax, assino, envio para Madrid e espero para ver o que acontece. Como Espanha está uma hora à frente de Portugal, tinha tempo caso as coisas não corressem bem em Madrid.»

«O presidente do Granada ligou para me parabenizar, que só faltava um documento de Manchester a Madrid e estava feito. São doze horas em Espanha e ligo para a minha família. 'Sou jogador do Real Madrid'. E, de repente, eles ligam a dizer que a LaLiga não aceitava um documento do United para o Real Madrid por causa da questão do horário. Que não podiam aceitar a assinatura», prosseguiu.

O Real Madrid ainda tentou reservar o jogador para janeiro. «José Ángel Sánchez [CEO do Real Madrid] ligou: 'Sique, volte para Granada e vamos assinar um pré-contrato para janeiro'. Mas como já estava em Lisboa e sabia do interesse do Benfica, o quanto me queriam lá, disse-lhe: 'Olha, algo me diz que tenho de ficar em Portugal'. E fiquei. 'Vou assinar pelo Benfica'. E no final, correu muito bem para mim no Benfica e consegui regressar no ano seguinte a um dos maiores rivais do Real Madrid. O Atleti», concluiu.

O Real Madrid viria a conquistar naquela época La Décima no Estádio da Luz, mas o currículo de Siqueira também ficou mais colorido: um campeonato, uma Taça de Portugal e uma Taça da Liga.