Foi um jogo diferente daquele que se viu em Alvalade. Percebe-se facilmente que o Sporting se organizou melhor e encarou o jogo de outra forma. Acima de tudo, senti que a equipa entrou em campo com o jogo de Alvalade em mente e com as ideias mais definidas em termos defensivos.

É bom lembrar se que se trata de uma eliminatória a duas mãos, esta foi a primeira parte e, talvez por isso, eu senti um bocadinho que o Sporting também jogou com isso. Sobretudo no início.

Notou-se uma grande diferença de organização defensiva relativamente ao jogo em Alvalade, a tentar fechar melhor os espaços, a jogar mais junto entre os setores, o que dificultou a tarefa do Benfica nos primeiros momentos do jogo.

Marcel Keizer aprendeu, provavelmente, com os erros do último dérbi.

Apesar do meio-campo, por exemplo, ser exatamente o mesmo, pareceu-me que os três jogadores jogaram mais próximos. Até mesmo a defesa, no aspeto posicional, jogou mais subida do que fez em Alvalade, e por isso mais próxima do meio-campo, o que diminuiu o espaço entre linhas. Isto apesar do segundo golo do Benfica não ter deixado de ser um erro defensivo da defesa leonina, que estava mal posicionada numa bola que é cruzada de ponta para a outra ponta da área.

Mas essas acabam por ser um pouco as contingências do jogo, os golos também acontecem por erros adversários, caso contrário, como se diz, todos os jogos acabavam 0-0.

Foi, por isso, um dérbi mais equilibrado do que o último em Alvalade, no qual, da parte do Benfica, não foi tão notório o desequilíbrio provocado individualmente por algumas peças que em Alvalade fizeram a diferença.

Nestes jogos, quando as equipas se igualam, acabam por ser as individualidades a decidir o jogo. Neste jogo, porém, não houve nem de um lado nem de outro alguém que nos chame a atenção de uma forma imediata, acho que não houve ninguém num nível muito acima dos outros.

O Benfica conseguiu chegar ao golo mais ou menos no mesmo período em que abriu o marcador no dérbi de domingo, ali entre os dez e os vinte minutos, e se calhar nessa altura pensou-se que a equipa podia repetir uma exibição igual à de Alvalade.

Puro engano. O Sporting desta vez não se perdeu, manteve a sua forma de jogar, manteve a boa organização e tentou aqui e ali chegar com perigo à baliza do Benfica.

A primeira parte foi um pouco isto e resume-se numa frase: um jogo mais equilibrado do que aquele de há três dias.

Na segunda parte, sobretudo a partir do segundo golo do Benfica, o futebol ficou mais partido.

O Sporting tentou alterar o rumo dos acontecimentos depois desse segundo golo, o que foi provocado por duas circunstâncias: por um lado, pelas alterações que Marcel Keizer fez na equipa, por outro lado pelo recuo do Benfica, não sei se por ordem do treinador, se fruto das substituições que o Sporting fez ou se por causa de algum cansaço que se notou, particularmente em alguns jogadores que o mostraram claramente a partir dos 65 ou 70 minutos.

Nessa altura notou-se que o Sporting começou a tomar conta das operações e o Benfica apostou mais no contra-ataque, o que é normal porque estava confortável no resultado.

Depois há um momento em que o Benfica falha o 3-0, pelo Grimaldo, e logo a seguir o Sporting marca um golaço, pelo Bruno Fernandes, num livre direto em que me parece que o Svilar podia ter feito mais qualquer coisinha.

De qualquer das formas o Sporting reduziu a desvantagem e justamente, com um golo que era merecido naquela altura.

Ora isso deu-lhe a ilusão de nos minutos finais chegar ao empate, criou ainda uma ou outra situação para o fazer, mas o resultado final é justo, aceita-se e leva a decisão final para a segunda mão.