Assim que as bolinhas ditaram a visita do Benfica, 41 anos depois do último duelo também numa eliminatória da Taça de Portugal, quem gere o dia-a-dia do Vianense esfregou as mãos de contentamento: desta vez, saiu a sorte grande aos minhotos.

Não desportivamente, entenda-se, já que defrontar o bicampeão nacional não permite grandes discussões sobre favoritismo a quem ocupa a metade de baixo da tabela da Série A do Campeonato Nacional de Seniores.

No entanto, para um clube pequeno, em dificuldades financeiras e numa região com muitos adeptos encarnados, é difícil uma solução que permita mais dinheiro em caixa do que a receção ao Benfica.

É fazer as contas… E de acordo com Bruno Capelão, tesoureiro do clube, o jogo de sexta-feira (20h30, em Barcelos) desta terceira eliminatória da Taça de Portugal permite números a que o clube está pouco habituado.

«Só em patrocínios são 25 mil euros»

«Considerando transmissão televisiva e bilheteira, este jogo pode valer-nos 125 mil euros. Este valor é suficiente para financiar cerca de 75 por cento do orçamento para esta época. Além disso, podemos rentabilizar o jogo com merchandising e atingir os 10 mil euros, ou seja, mais de 1 000 por cento do que o valor que tínhamos estimado para todo o ano de 2015», revela ao Maisfutebol o responsável pelas contas do clube minhoto, que só nos últimos dois dias ganhou mil novos seguidores no Facebook (supera agora os cinco mil).
 
O jogo de sexta-feira é tão importante para o Vianense que até novos parceiros publicitários apareceram em cima da hora.
 
De tal forma, que a equipa vai jogar com uma «camisola especial». Aos patrocinadores habituais, uma empresa de materiais de construção e o restaurante que oferece refeições aos jogadores deslocados da equipa sénior, junta-se uma marca de tintas e uma agência de futebolistas, que aproveitam o jogo para promoverem a sua marca na camisola do clube da terra.
 
Até os equipamentos vão ser diferentes, já que as camisolas de jogo são da linha premium da marca desportiva Macron.
 
«Só em patrocínios estamos a falar de aproximadamente 25 mil euros», contabiliza Bruno Capelão. Tudo somado, entre TV, bilheteira, merchandising e patrocínios a receção ao Benfica para a Taça vai valer cerca de 160 mil euros ao Vianense.


 
A camisola especial para o jogo com o Benfica

Petição para novo estádio

Podia ser ainda melhor se o Vianense tivesse condições de receber na sua própria casa o Benfica.
 
A última vez que isso aconteceu foi ainda 'no tempo da outra senhora', mais precisamente a duas semanas da 'Revolução dos Cravos'. A 7 de abril de 1974, o Benfica foi a Viana resolver com um bis de Nené a quinta eliminatória de uma Taça de Portugal, que acabaria por perder no Jamor frente ao Sporting.
 
Desta vez, o jogo terá de ser no Municipal de Barcelos e não no velho Estádio Dr. José de Matos, lamenta Jorge Matos, dono de uma loja de vinhos e presidente demissionário do clube.

O dirigente, que até admite continuar depois do ato eleitoral de 21 de outubro, avança ainda ao Maisfutebol que quer lançar uma petição junto das «forças vivas da cidade» pela construção de um estádio municipal com condições para acolher grandes jogos.

«O investimento no centro cultural (obra de Siza Vieira inaugurada em 2013) foi de quase 15 milhões de euros. Para um estádio com 10 ou 12 mil pessoas, à escala do de Barcelos, precisávamos só de três ou quatro milhões. Mudarmos o jogo com o Benfica para Barcelos tem um impacto negativo para a nossa cidade, mas não temos alternativa. Em todo o Alto Minho, o único estádio com condições para receber este jogo é o de Melgaço. Se subirmos à II Liga não temos um estádio em condições e esse problema não pode ser resolvido em três meses»
, argumenta o presidente do Vianense, que defende a construção de um novo recinto num loteamento que estava destinado à habitação, no parque da cidade.

Desta vez, a receção ao Benfica obriga a uma deslocação de cerca de trinta quilómetros e a autarquia disponibiliza autocarros gratuitos para a deslocação de cerca de meio milhar de sócios do Vianense. Para o presidente do clube, porém, é difícil compensar «o desconsolo e a frustração de não poder receber o Benfica em casa»