Paulo Bento mostrou-se agastado com os assobios que o Sporting ouviu em Alvalade depois da vitória sobre o Hertha Berlim (1-0), em jogo da segunda jornada do Grupo D da Liga Europa. O treinador admite que a relação com os adeptos não está fácil e defende que terá de ser ele próprio e os jogadores a inverterem a situação.
Como é que a equipa vai reagir aos assobios que se ouviram no final?
«Continuar a ganhar é importante, traz sempre algo positivo. Transforma em alguns momentos o que se passa ao longo dos noventa minutos. Hoje, é um facto, não mudou muito. A responsabilidade e o mérito da vitória de hoje é dos jogadores. A responsabilidade pela pouca qualidade que exibimos é minha. Não adianta irmos buscar o que quer seja fora. Temos nos concentrar internamente, temos de fazer as coisas de maneira a ter confiança. Temos de ser inteligentes na forma como encaramos o jogo e não cometer tantos erros como cometemos hoje. De resto, tudo é legítimo. É legítimo quando se perde assobiar, como é legítimo assobiar quando se ganha. Não me parece que isso traga alguma vantagem, mas temos de ser nós a inverter essa situação».
Acha que os adeptos mereciam um pedido de desculpa pela exibição desta noite?
«Não gosto da questão de pedir desculpa porque não jogámos mal de propósito. Já disse, o mérito da vitória é dos jogadores, o demérito da exibição é meu. Deixem os jogadores fazer aquilo que os jogadores sabem e podem, depois se tiverem de responsabilizar alguém, pressionem e culpem o treinador. Pressionar não ajuda os jogadores em nada. A verdade é que hoje conseguimos seis pontos, conseguimos ganhar pela primeira vez a uma equipa alemã. Por isso, algumas coisas boas ficam. Assumo que não jogámos bem. Agora está a gerar-se um ambiente que não é bom para os jogadores. Espero que não tentem chegar este ambiente aos jogadores, oxalá não».
Acha que a relação com os adeptos é insanável?
«Acredito que não seja insanável. Depende em primeiro lugar de nós, de acreditarmos nas nossas qualidades. Das minhas, como treinador, e das dos jogadores. Eles têm de ser os primeiros a acreditar neles e a ter confiança nas suas próprias capacidades. Com essa qualidade, segurança e convicção, iremos à procura de convencer os sócios e os simpatizantes. Mas não sou hipócrita. Não vai ser um ano fácil. Estão todos avisados, os que estão acima de mim e os jogadores que estão ao mesmo nível do que eu. Não vou desistir e não vou deixar que ninguém que esteja à minha volta desista».
Vai aguentar a pressão?
«Aguentei vinte anos, que é o tempo que levo de carreira. Quinze a jogar com assobios, aplausos e insultos, porque é que não hei de aguentar agora que sou treinador e não tenho a bola».