José Eduardo Bettencourt garantiu que nunca tomaria a iniciativa de mandar Paulo Bento embora do Sporting. O presidente do clube de Alvalade, numa declaração carregada de emoção, fez os mais rasgados elogios ao treinador, e diz que aceitou a demissão porque o treinador lhe explicou os motivos. Também se mostrou muito crítico sobre os contestatários.

«Paulo Bento vai ficar forever nos corações dos sportinguistas. Por enquanto, só de 90 por cento, daqui por mais algum tempo vão ser 100. A comunicação tem destas vantagens, agora não há ninguém em Portugal que não saiba o que quer dizer forever. Forever no coração dos sportinguistas, o meu respeito e gratidão eternos ao Paulo Bento», afirmou o dirigente. «Não sei se o Sporting de hoje e algumas pessoas no Sporting hoje merecem ter um Paulo Bento», acrescentou de seguida.

A iniciativa partiu do treinador e não do presidente que garantiu ser incapaz de demitir Paulo Bento, aproveitando para lançar mais uma palavra inglesa no vocabulário dos leões. «Nunca, never. Nunca demitiria o Paulo Bento. E não é para poupar, não é para ficar ónus em cima dele. Era porque não era capaz. Só tenho de aproveitar esta oportunidade. O Paulo disse há pouco tempo que há muita gente que não percebe o que é isto do carácter e dos valores. Já não se fala nisso nas escolas. Mas há aqueles que ainda percebem que temos de continuar um esforço para nos batermos por valores. Mesmo que hoje só fique na história quem ganha, custo o que custar. Os fins justificam os meios. O nosso país não foge à regra», destacou.

«Uma pessoa como o Paulo é um bálsamo»

Bettencourt prosseguiu depois nos elogios ao treinador demissionário, sem se cansar de destacar o carácter de Paulo Bento. «Uma pessoa como o Paulo é um bálsamo, é um colírio para os olhos, como dizem os brasileiros. Faz parte dos valores do Paulo. Alguns doutos sábios do nosso clube aconselham-me a não misturar conhaque com trabalho, mas não percebem que o Paulo não mistura conhaque com trabalho. Todas as dores que soube assumir, todas as vicissitudes que soube ultrapassar com grande lealdade. Destaco uma frase do Paulo: demite-se pelo Sporting e pelos jogadores. Acho que está tudo dito», acrescentou.

No meio de tantos elogios, impunha-se uma pergunta: porque é que aceitou a demissão? «As coisas já foram tão explicadas. Aceitei porque sim, pelo diagnóstico e pela lucidez do Paulo. Não conheço muitos mais que fizesse isto que o Paulo fez», referiu para acrescentar de seguida. «O Paulo mostrou-me um diagnóstico e eu só tive de concordar. Por muito que me custe, pelo Sporting tenho de fazer isto. É legítimo a todos constatarem que o rendimento é sofrível, que esse rendimento traz perturbações acrescidas ao rendimento, foi esse discernimento que o Paulo teve, é por isso que estamos aqui hoje».

«Não sou corno»

Quanto ao facto de Paulo Bento ter informado primeiro e família e a equipa técnica. «Não me sinto corno. Entendemo-nos com sinais de fumo. Quando percebi o que podia estar a passar pela cabeça do Paulo, fui buscar toda a energia para lhes dar ânimo e motivação. O que havia é um casamento e agora uma separação dolorosa», referiu.

Quanto à questão do contrato de Paulo Bento, que tinha vinculo até 2011, Bettencourt aproveitou para dar mais uma «alfinetada» aos críticos. «As pessoas hoje em dia já desconfiam da sombra e quando uma pessoa diz uma coisas diferente é porque deve ter terceiras ou quartas intenções. O Paulo disse que só cobraria ao Sporting até ao dia em que trabalhasse e foi isso que fez», contou.