Não é só pela braçadeira que carrega no braço que Jakub Blaszczykowski é o líder da seleção polaca. Depois de ter feito a assistência para o golo de Lewandowski, no jogo inaugural do Euro2012, o médio de 26 anos marcou o golo do empate frente à Rússia. Junto dos adeptos reforça-se a admiração por alguém que passou por uma experiência traumática na infância, e ainda assim conseguiu encontrar as bases para atingir o estrelato.

Kuba, como também é conhecido, tinha apenas onze anos quando viu o pai assassinar a mãe. A tragédia fê-lo abandonar o Raków Częstochowa, clube que representava então, mas a influência do tio, o antigo internacional Jerzy Brzeczek, devolveu-o ao futebol. Foi com a bola nos pés que recuperou a alegria.

Se a nível familiar o crescimento de Blaszczykowski foi alicerçado no amor da avó Felicia, que o criou, a vida desportiva teve o tio, ídolo de sempre, como principal impulsionador. Foi Breczek que levou Blaszczykowski a treinar ao Wisla Cracóvia, em 2005, onde estava o amigo Mielcarski, antigo jogador do F.C. Porto, como diretor desportivo.

Kuba agradou ao treinador e foi contratado. Oriundo do modesto KS Częstochowa, dos escalões inferiores, foi olhado de lado no início. Muitos julgavam que vivia da fama do tio, mas essa ideia foi rapidamente desfeita. Blaszczykowski conseguiu conquistar a titularidade em pouco tempo, e contribuiu para a conquista do título polaco em 2004/05.

Um ano depois chegou à seleção, pela mão de Leo Beenhakker, mas já não foi a tempo de garantir um lugar no Mundial2006. Em Outubro desse ano defrontou Portugal, no jogo decidido com um «bis» de Smolarek. Um ano depois juntou-se ao compatriota no Borussia Dortmund.

Foi já como jogador do emblema alemão que foi convocado para o Euro2008, mas uma lesão acabou por afastá-lo da prova. O Euro2012 é, por isso, a primeira grande competição em que participa com a seleção, e de braçadeira no braço. Entre os adeptos ninguém discute o estatuto de capitão. Todos admira o carácter de Blaszczykowski, que no final de maio marcou presença no funeral do pai. Uma atitude que foi vista com grande admiração pela opinião pública.