Um grupo de uma centena de sócios, liderado por António Cardozo, veio a público anunciar a intenção de pedir explicações aos responsáveis do Boavista pela actual situação do clube. Segundo o reformado, de 62 anos e com quatro décadas como, o objectivo principal passa por «acordar o presidente João Loureiro e os boavisteiros»
«Acima de tudo, queremos acordar o presidente João Loureiro e os boavisteiros. O Boavista tem 104 anos, um palmarés invejável, historial glorioso e o nosso nome não pode continuar na lama. Há 10 anos o clube tinha uma situação financeira invejável, crédito na praça. Hoje, toda a gente foge do Boavista. É o descalabro total. Não há credibilidade ou organização», referiu Cardozo.
O sócio axadrezada confirma a possibilidade de avançar com uma lista para concorrer à direcção do clube. «Vamos pedir esclarecimentos e, se não ficarmos satisfeitos, há candidato para dar solução aos problemas do Boavista. Ninguém quer mandar o João Loureiro embora. Ele anda é mal acompanhado. Há muita incompetência no clube. Deve é reunir as pessoas certas. Precisa de gestores capazes. Devia também explicar regularmente aos sócios o que se passa. É pena que não queira ouvir ninguém, pois há muita sabedoria que podia aproveitar», acrescentou, rematando: «O Boavista não teve as mesmas ajudas do F.C. Porto. Há muita gente interessada em acabar com o Boavista para haver apenas um clube na cidade do Porto.»
Loureiro desvaloriza contestação: «Temo pelo futuro»
Entretanto, e igualmente em declarações reproduzidas pela Agência Lusa, João Loureiro já comentou a contestação do grupo de adeptos.
«Se esse ou outro sócio achar que tem condições para fazer melhor, com uma gestão de qualidade, tem todo o direito de o fazer. Mas aviso que a instituição pode passar por momentos muito complicados se não for gerida por pessoas responsáveis. O Boavista não está em altura de aventuras. Temo pelo futuro do clube», avisou.
O presidente do Boavista recordou as principais marcas do seu legado no clube: «Não recebo e não tenho férias. As contas são do mais transparente que existe, pelo que não vejo problemas em prestar contas. Temos uma gestão equilibrada e credibilidade. Ainda agora conseguimos negociar um empréstimo de longo prazo passando de 10 para 20 anos.»
«Temos um passivo entre 30 a 35 milhões de euros, mas o património ascende aos 100 milhões, pelo que a diferença entre o activo e o passivo é na ordem dos 65 a 70 milhões de euros. O Boavista está em situação impar em Portugal, mas tem problemas de tesouraria motivados com os encargos resultantes do Euro2004, em que não recebemos as mesmas ajudas dos outros. Prefiro ter dores de barriga presentes do que hipotecar o futuro do Boavista. É este caminho que deve ser seguido e não me vou desviar um milímetro», rematou.