Uma penhora excecional validada no período de férias judiciais inviabilizou a inscrição dos novos futebolistas do Boavista até ao fecho deste mercado de transferências, confirmou a SAD dos axadrezados, esta quinta-feira.
«Apesar do enorme esforço e das intensas negociações realizadas ao longo dos últimos três meses e meio, não será possível concluir antes do fecho deste mercado o processo dos impedimentos da FIFA», referiu a SAD do Boavista, em nota oficial, pelo seu presidente, Fary Faye.
O Boavista está proibido de inscrever novos jogadores há quatro janelas seguidas, devido a dívidas, tendo agora dado conta de que «foi surpreendida com mais uma situação inesperada» a 1 de agosto, depois de uma autorização do Tribunal Judicial do Porto conferida à sociedade financeira BTL, que ficou com os créditos da Somague, construtora do Estádio do Bessa, casa do Boavista.
«A sociedade BTL, detentora de um crédito sobre o clube, do qual a SAD é solidariamente responsável, obteve autorização do Tribunal Judicial do Porto para executar a dívida em questão através dos direitos económicos dos jogadores transacionados nesta janela de transferências», referem as panteras, aludindo às transações financeiras feitas com os atletas Pedro Malheiro e Chidozie. De notar que a dívida original é de 5,2 milhões de euros (ME), ascendendo, com juros, ascende a 6,8 milhões de euros.
No início de julho, «ainda antes de ter conhecimento desta situação» e «assente na forte convicção de que ia resolver» as restrições em causa durante o primeiro período de transferências da temporada, que encerra na segunda-feira para os clubes portugueses, o Boavista oficializou as chegadas do médio internacional nigeriano Ibrahim Alhassan, proveniente dos belgas do Beerschot (em final de contrato) e do dianteiro brasileiro Bruninho, emprestado pelo Atlético Mineiro.
Em sentido inverso, as vendas do lateral direito Pedro Malheiro aos turcos do Trabzonspor (dois milhões de euros fixos, mais 500 mil euros em objetivos), e do central internacional nigeriano Chidozie aos norte-americanos do Cincinnati, num negócio avaliado em 700 mil euros, 500 mil dos quais fixos, permitiram «solucionar os impedimentos nacionais e assegurar a renovação das inscrições dos futebolistas que já faziam parte dos quadros da SAD».
«Durante este período, o conselho de administração explorou todas as vias legais e financeiras na procura de assegurar que o Boavista pudesse enfrentar a presente temporada sem esta limitação que tanto nos afeta há três mercados de transferências. Tínhamos um plano claro e bem estruturado, que incluía a transação dos direitos económicos de alguns jogadores, numa operação que serviria para alavancar financeiramente a SAD e resolver os impedimentos da FIFA», nota a SAD do Boavista.
Porém, esse impedimento vai continuar para já e treinador italiano Cristiano Bacci não poderá utilizar Ibrahim Alhassan e Bruninho até, no mínimo, à reabertura da janela de transferências, em janeiro de 2025.
No comunicado, Fary Faye garante que o Conselho de Administração «está a trabalhar, desde o primeiro dia da sua existência, numa solução alternativa, que, contudo, nunca seria possível de concretizar antes do fecho deste mercado» e aponta a que, «com todas as forças», se ultrapasse «este problema até ao final do ano». Fary reconheceu ainda que o Boavista está numa «situação frágil» e luta «todos os dias pela sua sobrevivência». «Apesar deste revés, continuo a acreditar na força da nossa instituição, na determinação dos nossos atletas e equipa técnica, e no apoio incondicional dos nossos adeptos», rematou.