28 jogos pela seleção nacional, mais 487 jogos entre Boavista, Freamunde, FC Porto, Chelsea, QPR e Trabzonspor. José Bosingwa teve um carreira de excelência, conquistando uma Taça Intercontinental, duas Ligas dos Campeões, quatro campeonatos portugueses, uma Premier League, entre outros títulos. 

Esta terça-feira o antigo internacional português integrou o painel do World Scouting Congress ao lado de Conceição e Tiago Fernandes para discutir o tema «Como é que o futebol pode mudar a vida das pessoas?». Bosingwa explicou a decisão de encerrar a carreira, recordou o episódio que não mais esqueceu e revelou o treinador que mais o marcou.

«Nunca quis jogar até muito tarde, sempre quis parar cedo. Preparei-me para isso psicologicamente. 
Se tivesse saudades, estava a jogar. Sinto-me bem fisicamente. Sofri uma lesão que me fez perder o Euro 2016, ainda voltei a jogar durante quatro meses, mas acabei por decidir parar. Desfruto da minha família e dos meus amigos. Quem chega ao alto nível perde certas coisas que outras pessoas da mesma idade vivem. Consumo bastante futebol, vejo quase todos os jogos», disse.

Ao longo das intervenções, o ex-futebolista foi obrigado a recuar no tempo para esclarecer de que forma o futebol moldou o carácter que tem atualmente. Algo inibido, José Bosingwa destacou o momento em que viajou sozinho para o Porto.

«Vim para o Porto sozinho com 14 anos. Comecei-me a focar no sonho que queria atingir. Graças a Deus consegui atingi-lo. Tudo isso alterou a minha personalidade e a maneira de encarar a vida. Comecei a dar importância à estabilidade familiar, porque estive muito tempo longe dos meus familiares. Valorizei os amigos que cresceram comigo no Boavista: vivíamos juntos, íamos para a escola juntos... ainda hoje tenho os mesmos amigos. Viveram comigo numa casa quase a cair e mantenho-os até hoje», contou.

Em relação ao treinador que mais o marcou, Bosingwa respondeu prontamente: Jesualdo Ferreira. E aproveitou para justificar.

«Treinador especial? Jesualdo Ferreira. Ser treinador não é só chegar e preparar o treino. Ser treinador é ser um professor, ensinar e ter paciência para o fazer. O Jesualdo tinha isso ao contrário de muitos treinadores de topo que querem jogadores já feitos.»