Bobby Fischer, ex-campeão mundial de xadrez, foi genial, louco, paranóico, perseguido, fora-de-série. Esta é a história de alguém com um cálculo de QI superior a Einstein.
Morreu Bobby Fischer
Nascido em Chicago, a 9 de Março de 1943, Bobby aprendeu a jogar xadrez aos seis anos com a sua irmã mais velha. Ainda muito novo, mudou-se para Nova Iorque onde pôde desenvolver o seu jeito para o jogo de mesa.
Fischer venceu o campeonato americano de xadrez por oito vezes em oito participações, a primeira aos¿ 14 anos e a segunda aos¿ 15. Teve, ainda, o condão de afastar a hegemonia russa no xadrez que, em 1975, com a sua recusa de defender o título, regressou ao leste, para durar até ao ano 2000.
No Mundial de 1972, com a vitória na final frente ao russo Spassky, escreveu-se um episódio que foi mais um frente-a-frente político da Guerra Fria, entre EUA e União Soviética, do que um jogo de xadrez. Na classificação, Fischer venceu Taimanov (do top 10) e Larsen (do top 5) por 6-0, em jogos à melhor de dez. Depois, derrotou Petrosian e, por fim, Spassky. Fischer terminou a carreira nesse ano, com 2780 pontos no ranking, marca que só foi superada 15 anos depois por Kasparov. Venceu todos os torneios em que participou excepto dois, em que ficou em segundo lugar.
Fischer foi preso no Japão em Julho de 2004 ao ver caducado o seu passaporte americano. A Islândia, no entanto, ofereceu-lhe asilo político e o americano aceitou, vivendo desde Março de 2005 na capital, Reiquiavique. Aos 64 anos, foi internado num hospital da cidade, com sintomas de paranóia. Viria a falecer esta quinta-feira.
Fischer vinha a ser perseguido pelos EUA por ter violado, em 1992, o embargo sobre a Sérvia relativamente à guerra dos Balcãs, ao aceitar repetir «O Jogo do Século» contra Spassky, em Belgrado. Entre várias opiniões políticas controversas (foram-lhe atribuídas declarações de apoio aos atentados de 11 de Setembro), disse que a CIA andava a armar um plano para o capturar.
O «génio volátil», como se definiu numa das suas biografias, teimou a sobrepor-se ao génio que, sem sombra de dúvidas, domina o espírito do xadrezista. Spassky, seu eterno rival, definiu-o desta forma: «Bobby é uma personalidade trágica. É honesto, de boa natureza e com um elevado sentido de justiça, mas é uma pessoa completamente anti-social. É alguém que fez praticamente tudo contra si próprio.»