A força de um otimismo.
Uma lua cheia.
A vertigem de um coração apertado.
Um vinho da Niepoort com três, quatro ou cinco anos, pelo menos.
O abraço do nosso pai e o regaço da nossa mãe.
Uma lágrima de felicidade.
O sabor do sal a queimar na pele.
Uma manhã que começa cedo.
O cheiro a flores na primavera e a castanhas assadas no outono.
Um poema de Miguel Araújo cantado por António Zambujo.
O primeiro café do dia.
Uma paixão.
Os almoços de domingo que começam à uma e não têm hora para acabar. Com cozido, enchidos, pudim abade de priscos e todas as coisas que fazem mal.
Um toque do nosso amor.
O cheiro dos lençóis lavados numa cama acabada de fazer.
Um friozinho na barriga a cada nova viagem que começa.
A felicidade inexplicável de voltar à nossa terra.
Um jantar, um café ou um copo na esplanada, numa noite de verão, à volta de piadas parvas que mais ninguém entende.
O sorriso de uma criança.
Uma noite bem dormida sem pressa de acordar.
O entusiasmo da chegada a um local ainda por descobrir.
Um gelado da Haagen-Dazs.
A felicidade de uma boa notícia.
Um domingo de Páscoa.
O sabor de uma aguardente velha no fim de uma refeição longa.
Uma frase politicamente incorreta de Ari Gold: pode ser em relação a uma mulher, a um homossexual ou a um judeu, tanto faz, desde que seja bem inconveniente.
As crónicas de Miguel Esteves Cardoso (o do Independente, preferencialmente).
Uma gargalhada honesta.
O regresso a casa depois de uma corrida de dez quilómetros com o suor ainda a escorrer pelo corpo.
Um horizonte a perder de vista.
A musicalidade de um Georgia on my mind.
Um poema de Bob Dylan.
O cheiro de pão fresco pela manhã.
Um horizonte a perder de vista.
A emoção de um Benfica-Sporting.
 
Um Benfica-Sporting... Apaixonante, não é? Mas é só um jogo: há mais vida depois disso.
 
Há até mais futebol depois disso e se o resultado não for o que esperava, pode ser citar esse grande intelectual do pensamento australiano: Mark Viduka. «Não me importava de perder todos os jogos, desde que no fim fôssemos campeões. Genial, não é?
 
Portanto, relaxe: e divirta-se.
 
Box-to-box» é um espaço de opinião de Sérgio Pereira, jornalista do Maisfutebol, que escreve aqui às sexta-feiras de quinze em quinze dias