O Palmeiras venceu o Santos, por 3-1, e lidera o Grupo D do Campeonato Paulista, mas além do triunfo estão em destaque as palavras de Abel Ferreira no final do jogo.

O técnico português mostrou-se agastado com as constantes críticas nos órgãos de comunicação brasileiros e sublinhou isso mesmo na conferência de imprensa.

«Querem ver os meus defeitos, tenho alguns. Na área técnica é o que for preciso para ganhar. Sou competitivo de natureza. Uns gostam da minha forma de ser, outros não. Não estou aqui para agradar, estou aqui para ganhar. Não vim para o Brasil para fazer amigos. Quando estou a competir é para ganhar. Essa é a minha forma de estar no desporto. Eu aqui sou um boneco, mostro o que eu quero. O que realmente me interessa é o que os meus jogadores e a minha família pensam. Fico furioso com incompetência, com os preguiçosos, com quem diz que amanhã faz. Sou um homem de trabalho. Quem está comigo está a trabalhar, senão não está comigo. É fácil trabalhar comigo quando todos sabem o que têm de fazer», começou por dizer, acrescentando sobre o momento do Palmeiras que «o futebol é muito volátil»:

«No Brasil, hoje és o rei e amanhã és uma bosta. É assim que funciona aqui. Temos de estar constantemente à procura do nosso melhor, de nos desafiarmos a ser melhores. Para sermos competitivos com os adversários temos que ser muito competitivos internamente. Não há suplentes, não uso esse termo. A força da nossa equipa é a força do coletivo. Não é o A, B ou C, é o coletivo da equipa. Sozinhos não vamos a lugar nenhum. É assim que eu vejo representado muito dos valores que eu defendo enquanto homem na minha equipa. É um orgulho muito grande ser treinador desta equipa.»

O técnico aproveitou também para reagir em concreto às críticas de que foi alvo depois da expulsão na decisão da Supertaça do Brasil, num triunfo contra o Flamengo de Vítor Pereira. «Quem tem um microfone e uma câmara tem uma arma poderosa. Cada um olha para aquilo que quiser. Já me fizeram muitas perguntas sobre comportamento... Já viram alguém perguntar sobre o Mérito Desportivo? Sobre ser Cidadão Paulistano? Já viram algum jornalista falar disso, ou dar-me os parabéns pelo maior orgulho que tive de receber do presidente de Portugal? Já viram alguém dizer que o livro [que escreveu em conjunto com a equipa técnica] já tem quase 100 mil vendas, que já fizemos quase cinco milhões de reais [900 mil euros] de receitas, que vão reverter para duas instituições brasileiras? Sim, tenho de melhorar o meu comportamento na área técnica, mas tenho que demonstrar com exemplos. No mesmo dia em que eu fui expulso outros treinadores foram. Viram alguém dizer alguma coisa? Vocês podem escolher o que querem. Eu tenho coisas boas e negativas como todos nós. Ninguém é perfeito. Deus não agradou a todos, muito menos eu. [Os adeptos] pintaram os muros, mas hoje chegaram a mais um recorde [de assistência nos jogos em casa]. Número de golos, de pontos, equipa que menos derrotas teve fora, mais golos fez na Libertadores, mais vitórias teve na Libertadores... Viram alguém valorizar isso?», concluiu o técnico português.

Vídeo da conferência de imprensa de Abel: