Neymar revelou em entrevista à revista inglesa Gaffer que houve momentos em que quis deixar de jogar, assumindo um difícil equilíbrio entre a diversão e o peso de ser uma figura pública, mas também diz que lida bem com a pressão e que a sua paixão pelo futebol acabou sempre por sair reforçada.

O internacional brasileiro falou sobre o peso da fama, sobre a carreira e o peso da pressão constante, numa conversa descontraída com uma revista que procura interligar futebol, moda, música e cultura. O avançado do paris Saint-Germain explica que a sua intenção foi sempre jogar com alegria e promover a satisfação dos adeptos, mas explica que isso nem sempre é fácil.

«Nunca vou perder a paixão pelo futebol, mas tive momentos em que quis parar de jogar. Uma vez cheguei ao ponto de perguntar a mim próprio se deveria continuar a jogar, já que as pessoas não gostam. Ia para casa com a cabeça quente e então lembrava tudo o que fiz para chegar até aqui. O amor que eu tenho pelo futebol e todas essas coisas sempre me acalmam e me trazem de volta à realidade», contou.

O internacional brasileiro não revelou quais os momentos que o levaram aos tais momentos de angustia e desilusão, mas, em termos abstratos, apontou o dedo às criticas que recebe relacionadas com o seu estilo de jogo em campo e à forma, por vezes ousada, como tenta ultrapassar os adversários. «Às vezes olho para os defesas que tenho de ultrapassar, independentemente de ser um belo drible ou não, mas, às vezes, até mesmo bons dribles, podem ser encarados como uma ofensa para as pessoas», referiu.

Neymar acaba por dar um exemplo mais específico e que o deixou frustrado, na recente goleada do PSG ao Montpellier (5-0) em que viu um cartão amarelo por protestos dirigidos ao árbitro que o tinha advertido por tentar uma «lambreta».

Quanto à pressão por ser uma figura pública, Neymar confessa incómodo por tudo o que faz ser escrutinado e analisado. «Acho que hoje o mundo está muito sensível. É engraçado, acho que hoje em dia nada pode ser feito e, ao mesmo tempo, tudo pode ser feito e todos fazem de tudo. Por exemplo, todos te julgam pelo que você faz e até pelo que vocês para de fazer», atirou.

Apesar de tudo, Neymar diz que até lida bem, com a pressão. «Nunca senti pressão. Pelo contrário, sou uma pessoa que lida facilmente com a pressão. Ser o camisa 10 da seleção brasileira, do PSG e só por ser Neymar. Acho que lido com tudo muito bem e ao mesmo tempo sei do meu compromisso e sou muito grato por representar equipas como o PSG e a seleção do Brasil. Sei que tenho que ser diferente quando jogo, tenho que dar cem por cento porque é o que todo mundo espera», comentou.

Quanto às criticas nas redes sociais. «As redes sociais são um lugar onde muitas pessoas vêm e olham para uma parte da tua vida, julgam-te, demonstram ódio e te invejam. É por isso que nunca levo os comentários a sério. Não gosto de ler coisas que não são legais, que não são necessárias. Mas, há pessoas em meu redor, amigos, família e companheiros, que acabam lendo esses comentários e ficam chateados. O mundo está muito sensível por isso», destacou.

O avançado faz questão de salientar que há um Neymar figura pública e outro Neymar que poucos conhecem. «É muito fácil para as pessoas falarem sobre a sua vida pessoal sem realmente conhecê-lo. Mas o verdadeiro eu, o verdadeiro Neymar, é bem conhecido pela minha família, pelas pessoas que trabalham comigo e pelos meus amigos. Eles me conhecem. Estas são as opiniões que me interessam. O que acontece no campo de futebol é algo que só quem joga pode entender e quem nunca jogou nunca vai entender. É simples assim», contou ainda.