«Fica a dica: quem quiser chegar a uma final tem de contratar-nos». A sugestão é deixada por David Simão. Em jeito de brincadeira, claro, mas com alguma legitimidade. É um dom familiar, ao que parece.

É que o médio foi finalista da Taça da Liga em 2011 com o Paços de Ferreira, e agora ergueu a Taça de Portugal com a camisola da Académica. O irmão, Bruno, venceu a Taça da Moldávia com o Milsami, no passado domingo, e na época passada tinha feito o mesmo no Azerbaijão, ao serviço do Khazar. «Parece uma tendência familiar. Esperamos conquistar mais taças, seja onde for», diz o defesa.

Foi um final de época feliz para a família Simão. Primeiro com David a contribuir para a permanência da Académica, e depois com a festa no Jamor. «Fico sempre muito nervoso. Vi a final pela internet, aos gritos, e depois liguei logo aos meus pais. Foi um orgulho enorme», recorda Bruno ao Maisfutebol.

Oito dias depois inverteram-se os papéis. «Não deu para ver o jogo, mas fui acompanhando o resultado. Liguei logo para a minha mãe, que não sabia. Fiquei muito feliz por ele, que merece», diz David.

A dupla conquista vai merecer uma comemoração em família, mas é preciso esperar mais alguns dias. Bruno já está em Lisboa, mas David vai estar ao serviço da seleção sub-21 até 6 de Junho. E falta ainda aguardar a chegada dos pais, que vivem em França. «Vai ser ótimo. Feliz ou infelizmente, é das poucas alturas em que estamos juntos. Aproveitamos as férias ao máximo. Seguramente que vamos ter um jantar dedicado a estas conquistas», revela o médio.

Mágoas diferenciadas e um sonho em comum

Se a união familiar é indiscutível, a admiração entre irmãos também salta à vista. «O David é mais novo mas é o meu ídolo», diz Bruno. «Já cumpri duas épocas na Liga e vejo que ele tem capacidade para jogar lá. Aqui damos mais crédito aos estrangeiros desconhecidos. Os jogadores portugueses até preferem perder dinheiro para ficar no país, mas os clubes pensam de forma diferente. Como o meu irmão há muito mais», lamenta David.

Bruno, por seu lado, entende que o irmão «já mostrou valor para ficar no Benfica». «Pode estar entre os melhores. Falando até como adepto do clube, acho que pode dar muito», diz o defesa de 27 anos, que também representou as «águias» na formação. «Tem a ver com as opções do treinador e também com a política do clube. Agora aproveitaram bem o Nélson Oliveira, que tem muita qualidade, mas o meu irmão também. Não se aposta nos jovens talentos da formação. Nesse aspeto o Sporting sempre foi superior», defende.

«A família quer o melhor para ele. Se isso for fora do Benfica, que seja. Nem que seja num rival. Importa é que ele seja feliz», acrescenta Bruno. «Compreendo o que ele diz. É meu irmão, e quer o meu bem, mas isso não se coloca. A cabeça está no Benfica, em tentar aproveitar uma oportunidade», responde o médio, de 22 anos.

Mágoas à parte, os dois irmãos acalentam o sonho de partilhar o balneário. E quem sabe unir esta aparente tendência para ganhar taças. «É o meu sonho, a melhor coisa que podia acontecer. Fosse onde fosse», diz Bruno.