A versão corre mais ou menos à boca cheia na Holanda como consequência de algumas entrevistas: em 2006, durante o Mundial da Alemanha, Bruno Martins estaria a torcer por Portugal na batalha de Nuremberga frente à seleção holandesa. O tal jogo que ficou marcado por uma excessiva violência.
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Maisfutebol quis saber se é mesmo verdade o que se diz, Bruno Martins solta uma gargalhada. «Isso foi mais por influência do meu pai», garante. «Na verdade estava dividido. Tenho passaporte português e fiquei contente por Portugal ter vencido. Mas o meu pai é que é doente pela seleção.»
Bruno confessa que ele queria mesmo era ver um grande jogo de futebol. Afinal de contas em 2006 ainda não era internacional, o que só veio a acontecer no Mundial sub-17 do ano seguinte, mas tinha uma vida inteira em Roterdão. Ele que nasceu no Barreiro e emigrou com três meses.
Bruno Martins, o holandês do Barreiro que elogia o Benfica
Nunca deixou secar as raízes portuguesas, mas também não podia: os pais não deixavam. «Se podia jogar pela seleção portuguesa? Podia, claro. Mas nunca houve nada de concreto e agora é impossível. Quando era mais novo esperei que alguém reparasse e me chamasse. Nunca aconteceu.»
O mais perto que esteve de acontecer passou por uma conversa informal. «Estreei-me no Mundial sub-17, na Nigéria. Dois anos depois, no Euro sub-19 em França, a seleção portuguesa também participou e um treinador adjunto veio perguntar-me se estava disponível para jogar por Portugal.»
Nunca mais houve nenhum contato: Bruno Martins nem sequer se lembra do nome do treinador. Hoje é o lateral esquerdo da seleção holandesa e está feliz por isso. «Tenho uma filosofia de vida que passa por acreditar que nada acontece por acaso. Se foi assim, é porque tinha de ser assim.»
Até porque não tem queixas do destino. Desde a chegada de Van Gaal à seleção, Bruno Martins foi sempre titular. Aos vinte anos, leva quatro jogos seguidos e... dois golos. «2012 tem sido um ano fantástico», confessa. «O ano passado foi bom, mas este está a ultrapassar as minhas expetativas.»
Pelo caminho foi nomeado para o prémio de Golden Boy: a distinção para jovem mais promissor. «Fiquei surpreendido porque não é normal para um defesa. Mas feliz. Sei que estou bem, mas quero mais: quero ser um defesa de topo mundial», adianta, ele que elege Pepe e Abidal como exemplos.
A admiração por Pepe devolve a conversa ao ponto de partida. Portugal, claro. Um regresso atracado numa curiosidade: Bruno Martins fez o primeiro golo pela seleção holandesa no passado dia 13 de Setembro, na Hungria. Num jogo em que o árbitro era português. Pedro Proença.
«Ele não sabia quem eu era e ficou muito surpreendido quando comecei a falar português com ele», refere. «Perguntou-me de onde era e contei-lhe que tinha nascido no Barreiro», refere. «Disse-me que tinha gostado do meu jogo e que esperava encontrar-me mais vezes no futuro. Foi simpático.»
Curiosamente esse jogo ficou ainda marcado por outra curiosidade: depois de ter marcado o primeiro golo, Bruno Martins deu um abraço tão grande a Van Gaal que atirou o habitualmente sisudo treinador ao chão. Quem o conhece diz que o lateral é assim: um homem feliz com a vida.
Veja o vídeo do festejo do golo de Bruno Martins:
Internacional
1 nov 2012, 00:18
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