O adiamento das medidas mais duras para quem não souber comportar-se num estádio português é a pior notícia do defeso.

Na época passada assistimos a momentos complicados nos estádios portugueses, e fora deles. Depois o futebol foi de férias, o governo mudou (era bom que tivesse uma ideia sobre como lidar com estes casos, antes de eles sucederem), a situação do país piorou (e vai piorar mais) e nem sequer os regulamentos novos, mais duros, vão ser actualizados. Apesar de aprovados pela Liga.

Este facto, lamentável, demonstra a distância que infelizmente existe entre a forma de agir e pensar dos dirigentes da Liga e da Federação. A decisão de Madail de levar as eleições para o longínquo fim de 2011 exibe duas coisas: há temas cuja relevância lhe escapa e, pior notícia, está a ver se tudo sai bem na qualificação do Euro 2012 para se recandidatar. Mais uma vez.

O maior dos males do futebol português não é Gilberto Madail (sempre achei que era aquela forma de Valentim Loureiro ser «o major»). Mas não seria mau se, por uma vez, houvesse na Federação uma pessoa com perfil diferente e uma ideia para o futebol. Além de energia e vontade de fazer.

Mas, sejamos justos, os problemas do futebol português são muito maiores do que o presidente da FPF. Ele é só uma pessoa incapaz de nos ajudar a resolvê-los. Se querem saber o que realmente se passa com quem dirige (mais do que dirige, quem faz, englobando na lista mais do que apenas dirigentes) o futebol português, leiam esta citação de uma entrevista do humorista Bruno Nogueira à «Pública», há umas semanas.

«Há pouco tempo fui fazer uma gala da Liga Portuguesa de Futebol. Nunca na vida tinha visto tantas pessoas numa sala com tão pouca vontade de viver. De viver, de rir, de tudo. Reinava o medo! O medo do que se iria dizer a seguir. As pessoas estavam com medo que se falasse delas. Tantos que depois houve queixas sobre o tipo de humor. Uma coisa é estarem cem pessoas e serem três assim. Outra coisa é estarem cem pessoas e serem 95 assim, sem o mínimo espaço para rir».

Estava lá. Percebo a ideia. É uma das melhores sínteses sobre as pessoas que fazem o futebol português.