Em janeiro, desiludido com uma primeira volta quase sem jogar no Gil Vicente, Bruno Pinheiro aceitou a proposta do Maccabi Netanya e embarcou para Israel. Tinha receios em relação à segurança, mas queria jogar. Decidiu ir, mas sozinho. A família ficou em Portugal, mas por pouco tempo.

«Estava preocupado por causa das coisas que ouvia na comunicação social e, como eram só quatro meses, fui sozinho. Mas 15 dias depois, quando vi como as coisas eram, a minha mulher e a minha filha, que tem um ano e meio, foram ter comigo», conta Bruno Pinheiro ao Maisfutebol.

«Quando cheguei a Tel-Aviv, esperava encontrar umas casinhas como as que vi em Marrocos ou na Tunísia, mas apareceram-me arranha-céus. Uma cidade enorme, moderna. Netanya, fica entre Tel-Aviv e Haifa, uma zona banhada pelo Mar Mediterrâneo, que é conhecida como a Côte D¿Azur do Médio Oriente. É uma cidade lindíssima, o tempo é ótimo, adorei a comida e elas também gostaram de tudo. Quando regressamos a Portugal e vestimos uma camisola de manga comprida à minha filha, ela começou a chorar. Nem estava habituada», conta.

Bruno Pinheiro não tem dúvidas: «Israel é o melhor sítio onde já estive. E nem estou a falar só de jogar, mesmo entre os meus destinos de férias também», garante.

Insegurança? Bem pelo contrário

O jogador reconhece que há pontos mais instáveis. «Eu, como só fui na segunda volta, tive a sorte de não ter de fazer algumas deslocações mais complicadas, mas mesmo assim, fui a vários sítios, algumas vezes a Jerusalém, e não senti medo».

«Pode dizer-se que todas as semanas há tentativas de atentados palestinianos, mas Israel está preparado para isso e as consequências são, quase sempre, nulas. Aliás, a imprensa internacional nem faz referência a eles. Claro que quando Israel responde, com o poderio é maior, já toda a gente presta atenção», explica, considerando que ainda há um grande desconhecimento do país. «Se eu disser cá em Portugal que vou de férias para Israel, as pessoas estranham, mas havia lá muitos turistas europeus. Aliás, cerca de 80% do meu edifício eram apartamentos de férias de estrangeiros».

E a presença do exército armado nas ruas? «Eu até tinha colegas dos juniores que às vezes iam armados e fardados para os treinos, porque lá os miúdos entram cedo para o exército. Claro que no início estranhei. Quando íamos na rua e os víamos de metralhadora, eu e a minha mulher questionávamo-nos sempre se as balas seriam verdadeiras, porque as armas eram, mas nunca perguntámos a ninguém».

«Sentiamo-nos seguros», garante Bruno Pinheiro. «Quando eu lá estava falava-se muito de um possível ataque do Irão ou da Síria. Eu perguntei às pessoas e toda a gente me garantia que não havia perigo. A única ameaça que há é interna. Israel tem armas nucleares e o apoio dos Estados Unidos. Qualquer ataque será alvo de retaliação», lembra.

E no clube, sentia-se o conflito? «Na nossa equipa há três jogadores palestinianos e alguns judeus, e toda a gente se dá bem», garante, recusando que houvesse temas sensíveis de se falar no balneário. «Não há discriminação nenhuma, brincamos uns com os outros sobre tudo», frisa.

Já de volta a Portugal e com o futuro ainda incerto, Bruno Pinheiro não tem dúvidas em dizer: «Não me importava de voltar».