Hoje foi dia de trocar o computador pelas... chuteiras.

Esta sexta-feira foi dia de ser Jonas, Adrien, Óliver, Pedro Santos ou tantos outros que saem todas as manhãs da cama para calçar as chuteiras e treinar para fazer os adeptos vibrar ao fim de semana. Nós, jornalistas, estamos lá em todos os jogos, só que num papel completamente diferente, o de observar e analisar. Ali éramos nós o objeto de análise!

Foi dia de ser protagonista, mesmo que esse papel durasse cerca de duas horas e com pouco ou nenhum brilhantismo. Não importa, era o momento de calçar as botas e ir lá para dentro.

A experiência foi no Seixal, na Caixa Futebol Campus, a convite da marca desportiva que veste o Benfica, para testar o simulador 360º do centro de estágio. Chegámos, entrámos no balneário onde Renato Sanches, Bernardo Silva, João Cancelo e companhia deram os primeiros passos rumo ao topo, e lá estava o cacifo com o nosso equipamento.

O «roupeiro» tinha trabalhado a tempo e o mister devia estar a chegar para a palestra antes do treino. Demoraram, mas a hora do treino é definida pelo relógio do treinador e por isso nem valia a pena reclamar. Aliás, reclamar de quê? De estar ali de chuteiras, pronto a treinar num relvado e numa caixa XPTO para profissionais e jovens que treinam todos os dias para o ser?

Lá chegaram os misters: Salvio assumiu o controlo de uma equipa (e foi nesta que nos inserimos), Grimaldo da outra. Vinham com vontade e a mensagem foi só uma: GANHAR.

Para eles não importava o método nem o jeito para chegar ao objetivo (foi assim que Portugal venceu o Euro, não foi?), mas de certeza que não imaginavam o que os pés de todos aqueles jornalistas podiam fazer. Aliás, olhámos para aquelas chuteiras e pensei: jogam sozinhas, não jogam?

Siga para a ação.

Pequeno aquecimento para o mister Salvio ver o toque de bola de cada um. O argentino quis organizar um exercício, mas a sua voz não se estava a fazer sentir. Seria vergonha? «É a primeira vez que faço de treinador», disse o extremo.

Aquecimento feito, hora de recolher aos balneár... Esqueça, isto não era um jogo oficial. Foi hora de entrar na Caixa 360º.

Expectativa para ver o que nos esperava, curiosidade para ver como funcionava e nervosismo pela figura que íamos fazer.

O responsável por aquele «quadrado mágico» dentro do Seixal, que serve para aperfeiçoar a técnica de passe e a precisão, explicou o objetivo: o praticante fica no círculo central e as bolas são lançadas, aleatoriamente, pelas máquinas que se encontram em cada canto, a uma velocidade entre 20 e 80 quilómetros/hora. Mal o esférico é disparado, o «quadrado mágico» começa a funcionar e surgem «bonequinhos» em cada uma das quatro paredes, um vermelho e dois azuis e brancos.

Em cinco segundos tem que se rececionar a bola e fazer um passe ligeiramente para a frente do nosso companheiro à procura de desmarcação, que é sempre o jogador vermelho. Se a marcação estiver a ser apertada e não existir linha de passe, existem dois quadrados verdes nos cantos superiores que significa um passe longo ou jogo direto.

Para nós, a ação durava cerca de 30 segundos com seis bolas para colocar e em campo reduzido, apenas 180º. Garantimos que pareceu mais do que aquele tempo e que a pressão de ter tanta gente a observar é muito grande. Nem seria bom imaginar se estivessem 50 ou 60 mil... Só o countdown para a primeira bola ser lançada é intimidatório (ver no vídeo acima).

Alguém se atirou às feras primeiro e depois, um a um, lá fomos realizando o treino.

Brilhámos, impressionámos o Salvio e o Grimaldo e ainda estivemos para lhes ensinar como é que se joga aquilo. Não, é mentira claro! Aqui e ali fomos acertando, os pontos por passes certos iam sendo contabilizados e no final venceu a equipa do lateral esquerdo, ex-Barcelona, que festejou efusivamente.

Dois pontos acrescentou o Maisfutebol à equipa do Salvio, que teve uma estreia a perder no banco de suplentes. O Mourinho também começou assim, sabias?

Título «moral» entregue, foto da praxe e...o regresso à normalidade.

A máquina do café da redação chamava, o computador já tinha saudades de textos e, para além disso, o jeito para a bola mandava-nos sair do relvado imediatamente. Saímos para não estragar, mas as chuteiras vieram connosco.

Porquê? Só para nos lembrarmos que um dia nos vestimos de profissionais de futebol e que nem a bonequinhos ganhámos. Se eles estivessem parados...