O registo impressiona: seis golos sofridos em 18 jornadas. O CD Estarreja supera todas as marcas de clubes inscritos em campeonatos nacionais. A AD Oliveirense tem oito golos consentidos, F.C. Porto e Praiense já sofreram nove.

Perante os números, o Maisfutebol foi conhecer melhor o feitor da baliza estarrejense. Pedro Monteiro, dele se fala, tem 27 anos e é um gigante de 1,78 metros. Como explica ele os feitos eméritos nesta temporada 2012/13?

«Bem, antes de mais tenho de falar na união entre os 23 jogadores da equipa», responde, ainda tímido, o guarda-redes. Há mais. «Depois, acredito que a minha superstição ajuda. Benzo os dois postes antes dos jogos e coloco-me no meio da baliza a pedir ajuda à minha mãe, o meu Anjo da Guarda».

Só o Carnaval assusta a defesa do Estarreja, a melhor do país

O ritual funciona. Funciona e podia, aliás, ser ainda mais surpreendente, não fossem «dois ou três golos evitáveis». «Um nasceu num pontapé de baliza defeituoso. Depois não quis arriscar a falta e o jogador do Grijó marcou. Enfim, qualquer guarda-redes erra aqui ou ali».

Pedro Monteiro é segurança na portaria de uma empresa e nunca sonhou ser avançado. Joga desde os oito anos futebol oficial e já antes disso era guarda-redes. «Nos jogos de rua não queria jogar à frente. Só jogava às vezes para melhorar o meu jogo de pés».

Paixão é paixão e «não se explica». Mais fácil é falar dos ídolos e das referências. «Sou fã do Vítor Baía, sempre fui, e gosto muito do Beto, um guarda-redes baixo de grande qualidade também».

Os tempos em que Benfica e F.C. Porto sofriam em Estarreja

E há outros, menos conhecidos, que sempre estiveram na mente de Pedro. «O Tó Ferreira, campeão do mundo de sub-20 em 1991, e o Mário Júlio, um guarda-redes histórico na II Divisão e que era um verdadeiro gato. Mais baixo do que eu, chegava a qualquer bola».

A vida de futebolista amador é feita de encargos inimagináveis. Quanto mais não seja pelos pedidos de tolerância feitos à família, aos amigos e aos colegas de trabalho.

«Escreva isto, por favor: os meus colegas da empresa merecem o meu agradecimento público. Eles sabem que amo o futebol e por isso ao domingo à tarde trocam de turno comigo».