(Artigo atualizado)
O encontro entre o Amarante e o Trofense do passado domingo, referente à 13.ª jornada da Série B do Campeonato de Portugal, terminou de forma insólita. A partida não chegou a acabar, visto que, a 15 minutos do final do tempo regulamentar, a equipa da Trofa abandonou o relvado.
Na origem da decisão, que surpreendeu todos os presentes no estádio, está, segundo o emblema da Trofa, o trabalho levado a cabo pela equipa de arbitragem liderada por Pedro Miguel Maia, árbitro da AF Porto.
Contactado pelo MaisFutebol, Luís Lima, presidente da Comissão Administrativa do Trofense, explicou os acontecimentos em Amarante: «Foi mau demais. Estamos revoltados. Isto é inacreditável. Para um jogo de importância máxima, foi nomeado um árbitro em fim de carreira, que fez o que quis», começou por dizer.
O desagrado dos forasteiros com o trabalho do juiz já era evidente desde o primeiro tempo, altura em que o juiz terá validado dois golos alegadamente irregulares à equipa da casa, mas subiu de tom com a ordem de expulsão dada a quatro jogadores, um dos quais do banco de suplentes.
«Deu cinco vermelhos, quatro a jogadores e um a um delegado ao jogo. Insultou toda a gente do pior, do pior que se pode imaginar. Marcou faltas sobre faltas. E ainda festejou um golo do Amarante. Uma autêntica vergonha. Pedia-se mais sensatez ao Conselho de Arbitragem na nomeação para um jogo desta importância. Este indivíduo não dignifica o futebol português», declarou Luís Lima.
A comitiva trofense rumou aos balneários e forçou o fim precoce do encontro aos 75 minutos, a pedido dos cerca de 300 adeptos que se deslocaram da Trofa até Amarante. Segundo o presidente, a equipa não tinha condições para continuar.
«Os jogadores estavam mentalmente perdidos, de cabeça quente. Aquilo ia acabar numa autêntica batalha campal pelo rumo que o jogo estava a tomar. Os adeptos pediram que a equipa abandonasse. “Fora” era a palavra de ordem. E tinha de ser», frisou, acrescentando que está «consciente das consequências».
Três dos quatros jogadores foram expulsos por injúrias ao árbitro, assim como o delegado. Foram ainda arremessados objetos em direção a um árbitro assistente como moedas, isqueiros e uma pedra, o que levou a que fosse apresentada uma queixa às autoridades.
A desistência da partida poderá resultar numa sanção ao Trofense por parte da Federação, com possível multa e perda pontos. Luís Lima garantiu que esta situação pode levar o clube a fechar as portas: «O clube pode vir a fechar as portas. A situação já é dramática em termos financeiros e agora pode ficar pior. Estávamos a fazer uma boa época, a cumprir com toda a gente, mas este senhor destruiu o clube. Vamos formalizar a queixa para a Federação e vamos até às últimas instâncias».
De acordo com o dirigente, há atletas que vão agir judicialmente contra Pedro Maia: «O Ricardo [Fernandes] e o Hélder [Sousa], jogadores que já jogaram a Liga dos Campeões e que têm reputação, vão apresentar uma queixa-crime contra o indivíduo. Ele insultou toda a gente. Eles estão reunidos para apresentar a queixa».
Sobre as acusações de destruição por parte do Presidente do Amarante, o homólogo trofense admitiu que houve um vidro partido e uma porta danificada, mas assegurou que muito do que tem sido dito «não corresponde à verdade»: «No final do jogo fui impedido de ir aos balneários. Tive de entrar pela porta principal do estádio e estavam lá mais de cem pessoas, junto ao balneário do Trofense. Com a confusão, com os empurrões, essas pessoas derrubaram a mesa e destruíram uma maquete do estádio. Não foram os meus jogadores. Mas sim, houve um vidro partido e alguns danos, os jogadores estavam de cabeça quente».
O MaisFutebol tentou contactar a direção do Amarante, mas não obteve resposta até ao momento.
O Amarante – Trofense terminou aos 75 minutos, quando o marcador registava 3-0 a favor da equipa da casa. Badará chegou ao «bis» na primeira parte e Diogo Vila fez o terceiro na etapa complementar.