Portugal obteve os melhores resultados de sempre num Campeonato de Europa durante a edição que terminou neste no domingo em Ecaterimburgo. Os portugueses presentes no Europeu que foi jogado na Rússia obtiveram quatro medalhas nas provas disputadas nas provas individuais [por oposição às de equipas].

João Pedro Monteiro ganhou a medalha de ouro em pares ao vencer a final em que fez dupla com o austríaco Stefan Fegerl. Marcos Freitas obteve a medalha de prata depois de perder a final de singulares. Tiago Apolónia traz o bronze ao ter conseguido chegar às meias-finais; assim como Fu Yu também ficou entre as quatro melhores nos singulares femininos.

Nas competições por equipas, a seleção nacional masculina ficou no sexto lugar enquanto a equipa feminina terminou como a oitava da Europa (o seu melhor resultado de sempre também).

As quatro medalhas ganhas nestes Europeus dobram o saldo que Portugal tinha nos campeonatos continentais nas vertentes individuais: agora passam a ser oito – todas ganhas pelos quatro atletas já nomeados. Por equipas, Portugal junta mais dois títulos ao seu histórico: o de campeão europeu em 2014 e a vitória nos Jogos Europeus de Baku, já neste ano – e está apenas a ter-se em conta o palmarés nacional no escalão sénior.


João Pedro Monteiro

O presidente da Federação Portuguesa de Ténis de Mesa diz ao Maisfutebol que «esta é claramente a melhor participação de sempre num Campeonato da Europa», mas Pedro Miguel Moura frisa que «é a melhor participação portuguesa com a melhor seleção portuguesa de sempre».

«Estamos muito contentes. Quatro medalhas não é fácil. É um balanço muito positivo. Estamos todos de parabéns. Dá-nos muita confiança para podermos conquistar cada vez mais», assegura-nos Marcos Freitas.

«Faltava celebrizar na sociedade e no desporto quem eram estes atletas», afirma Pedro Miguel Moura sobre jogadores que jogam em clubes estrangeiros e estão todos entre os 10 melhores da Europa: «O nosso mérito tem sido acompanhar e potenciar o valor que eles têm.»

João Pedro Monteiro vê na obtenção destas quatro medalhas o reflexo de que «o ténis de mesa é um dos expoentes máximos do desporto nacional, que dá muitas alegrias ao desporto português». «Isso não é nenhuma novidade», diz-nos o novo campeão europeu de pares lembrando que «desde 2011 que trazemos medalhas e os resultados são cada vez melhores».


Tiago Apolónia reforça que «o ténis de mesa é uma das melhores modalidades em Portugal a nível de resultados, que «é uma modalidade de topo» e que «devia haver mais entusiasmo». «Espero que os responsáveis utilizem estes resultados para que se afirme uma modalidade de topo em Portugal», confessa-nos o jogador português.


Tiago Apolónia

A jogarem em clubes for a de Portugal, os internacionais portugueses não conseguem saber com exatidão o impacto que os seus resultados têm no país. «Nós estamos um pouco distantes e essa distância faz-se sentir», diz Tiago Apolónia revelando que as distâncias são encurtadas pelas redes sociais: «Há cada vez mais pessoas a conhecerem os nossos resultados e a apoiarem. Mas poderia haver ainda muito mais», admite.

O presidente da federação afirma que a modalidade está «a crescer no plano geral» do país «quando a população está a envelhecer». «Organizar o Europeu em Lisboa ajudou bastante e termos ganho ainda mais», analisa Pedro Miguel Moura destacando que, hoje, «o ténis de mesa já não é o pingue-pongue».

João Pedro Monteiro considera, entretanto que, ainda «é complicado para Portugal conseguir ter o nível dos campeonatos locas de outros países da Europa. «Nos próximos tempos não vejo os melhores jogadores mundiais no nosso campeonato, que é semi-profissional», diz o mesatenista português: «Fizemos bem emigrar, conseguimos que o trabalho seja recompensado.»


Marcos Freitas

«Ser campeão da Europa pelo segundo ano consecutivo é especial, tendo em conta que vim de uma operação às costas, não esperava estar neste nível. É um saldo muito positivo e não é todos os dias», assume João Pedro Monteiro sobre o seu desempenho nestes Europeus.

Já Tiago Apolónia confessa que «já estava muito satisfeito em chegar às medalhas». Tendo conseguido estar nas meias-finais, o jogador português, admite que «hoje já queria mais». Dimitrij Ovtcharov não o permitiu, assim como não permitiu a Marcos Freitas mais do que a prata sendo o alemão a revalidar o titular europeu de singulares masculinos.

Campeão europeu cadete, júnior, por clubes, vencedor da Taça da Europa, campeão europeu por equipas, vencedor dos Jogos Europeus, a Marcos Freitas faltou «fazer mais pontos» frente a um adversário que «começou [o encontro] muito bem». «É o único título europeu que me falta individualmente. Tenho de continuar a trabalhar», assume o jogador português.


Fu Yu

Na competição feminina, Fu Yu também trouxe uma medalha de bronze pela chegada às meias-finais e mostrou-se «contente com o resultado porque estava em baixo de forma». E explicou-nos por que esta segunda medalha tem um valor idêntico à primeira que trouxe para o país nos Europeus de 2013: «As duas medalhas são iguais, mas também diferentes: a primeira vez é sempre a primeira vez. Mas, agora, estava um pouco em baixo e estou orgulhosa de mim própria.»

A jogadora portuguesa considera que para o ténis de mesa português masculino já «é normal» obret estes resultados, pois «quem esteve aqui [na Rússia] tem nível para ganhar medalhas». «O ténis de mesa feminino está num nível mais baixo», analisa Fu Yu prevendo que resulados semelhantes possam surgir, «se calhar, daqui a uns cinco anos».

«O próximo objetivo é qualificarmo-nos em Abril para os Jogos Olímpicos de 2016. É trabalhar para isso», diz-nos Fu Yu enquanto João Pedro Monteiro adverte contra os entusiasmos que se criam à volta dos bons resultados: «O mundo inteiro trabalha com o intuito manter e melhorar estes resultados.» Pedro Miguel Moura também destaca que em último ano de ciclo olímpico o ténis de mesa nacional «está muito bem».