Um caso marcou a preparação dos «Palancas Negras» para a Taça Africana das Nações (CAN). Quando nada o fazia prever, o médio Nelo, do Benfica do Lubango, deixou de fazer parte do grupo.
Oliveira Gonçalves também abordou o caso, que começou num simples problema burocrático.
«Não sei explicar o que se passou com o Nelo. A determinada altura, a embaixada portuguesa deu conta que o passaporte do Nelo expirava a 4 de Janeiro. Um visto demora o seu tempo e o Nelo devia ter informado a Federação (FAF) de que o passaporte ia caducar. Rapidamente, a FAF tratou do assunto, em apenas dois dias. Agora, o que não entendo é o facto de a embaixada portuguesa em Angola, para atribuir um visto, precisar do Bilhete de Identidade. O documento que utilizamos para nos deslocarmos ao estrangeiro é o passaporte. Isso devia bastar. Depois, constatou-se que o Nelo também não tinha o B.I em dia. Logo, o Nelo não veio com o grupo para Lisboa», começou por contar o seleccionador.

«Nelo já não é garoto»
No entanto, depois de resolvida a questão do B.I, as coisas pioraram. «No sábado seguinte, dia 29 de Dezembro, conversei com ele. Perguntei-lhe se estava a cumprir o programa que tínhamos elaborado. Respondeu que inicialmente estava, mas que depois saiu do hotel. Perguntei porquê. Ele disse que queria ir para casa. Informei-o que ele ia embarcar domingo e que devia voltar ao hotel. Depois, para meu espanto, ligam-me a dizer que o Nelo já não queria vir. Porquê? Não sei», prosseguiu Oliveira Gonçalves, criticando o jogador: «O que sei é que tem de haver atitude profissional dos jogadores. O Nelo tem 25 ou 26 anos e não é nenhum garoto. Liguei-lhe e ele nunca me atendeu o telefone. E ele conhece o número. Não o podemos ter cá contrariado. Não quer vir, não quer. Agora, é preciso é ter uma atitude profissional, porque uma passagem de ano não pode pôr em causa todo o trabalho que ele fez.»
O treinador revelou que «queria levar Nelo ao CAN», argumentando que «era o jogador que melhor rematava», para além de ser «um futebolista polivalente», jogando em várias posições. «Tenho de trabalhar com aqueles que querem estar na Selecção Nacional, que estão interessados em representar o país e não quero ter ninguém contrariado. Assim, optamos por outros, porque eu recebo, diriamente, quatro a cinco telefnemas de jogadores que estão fora e querem vir ao CAN», afirmou.

Oliveira Gonçalves disse ainda que gostava de ter «Titi Buengo, do Amiens de França, que ficou indisponível para a selecção». O treinador não tem a certeza, mas deduz que o clube o pressionou a ficar. «Ele era suplente, passou a titular e começou a marcar golos», conclui.