O selecionador do Malawi, o romeno Mario Marinica, dirigiu duras criticas às condições que sua equipe encontrou nos alojamentos que lhe foram atribuídos para a fase final da Taça das Nações Africanas (CAN2022) e está convencido que há uma diferença de tratamento em relação às seleções mais conceituadas.
O Malawi prepara-se para defrontar Marrocos, no Stade Ahmadou Ahidjo, em Yaoundé, em jogo dos oitavos de final da CAN2022, marcado para esta terça-feira, mas, segundo denuncia o selecionador, a preparação está a ser afetada com comida estragada, falta de produtos básicos e ausência de instalações para lavar as roupas dos atletas.
Mario Marinica está convencido que as condições deploráveis acabam por favorecer as seleções favoritas. «Vocês nunca vão ver o Sadio Mané a lavar as próprias cuecas e a pendurá-las num arbusto para secar», disse Marinica em declarações à ESPN.
As criticas do Malawi juntam-se às da Gâmbia que já se tinha queixado das condições que encontrou. «A Gâmbia tem o mesmo problema e há padrões diferentes aqui, as equipes estão a ser tratadas de maneira diferente. Falamos de inclusão, queremos ver os mais pequenos a fazer coisas fantásticas, mas quando se trata de fases finais, as pessoas não gostam que defrontemos Cabo Verde e que não haja um Senegal-Marrocos, por exemplo», atirou.
Para Marinica há uma clara diferença de tratamento entre as seleções. «Certas perguntas precisam de ser feitas. Porque é que estas coisas estão a acontecer connosco? Porque acontece só com os mais pequenos? Porque acontece apenas às Comores, à Gambia e a nós?», perguntou.
A título de exemplo, o técnico romeno diz que os seus jogadores tiveram de lavar as próprias roupas. «Pedi aos meus colegas e líderes de equipe que apresentassem uma reclamação formal. Eu reclamei com os gerentes do hotel, lutamos durante três dias para que as coisas fossem resolvidas. Não consegui tomar leite com o café, disseram que o leite acabou até amanhã. Somos tratados como cidadãos de segunda classe. É inadmissível neste nível de competição», reforçou.
O Malawi também já passou por problemas de intoxicação alimentar e complicações relacionadas com a pandemia do coronavírus antes de chegar aos Camarões.
O médio John Banda corroborou o testemunho de Marinica sobre o tratamento insatisfatório e pediu à Confederação Africana de Futebol para garantir que todas as equipes sejam tratadas em pé de igualdade. «As nossas roupas não foram lavadas, é verdade, e estamos a enfrentar alguns problemas», disse ele também à ESPN. «Como África, temos de ser tratados de forma igualitária, como o Senegal, a Nigéria, todos igualmente. Esta é uma competição, nenhuma equipa tem a garantia de vai vencer e todos nós precisamos de tratamento igual e justo», reclamou também o jogador.
O Malawi, que está a disputar a sua terceira CAN, nunca tinha passado a fase de grupos.