Cândido Amorim Gonçalves Rego é um nome familiar a Mário Jardel, ponta-de-lança que procura a reabilitação no futebol português, dez anos depois do primeiro golo marcado no nosso campeonato. Em 1996, Super Mário chegou ao F.C. Porto e, no primeiro jogo com a camisola dos dragões, ajudou a impedir uma derrota frente ao V. Setúbal (2-2). O avançado brasileiro regressa agora à casa dos dragões e Cândido, ex-guarda-redes que assistiu à estreia de Jardel, lança o aviso: «Ele não perdeu o faro de golo.»
Cândido defendia a baliza do V. Setúbal quando a formação sadina esteve a um pequeno passo de surpreender o F.C. Porto, seu anterior emblema. «Foi um jogo especial para mim, porque tinha sido campeão nacional, antes de rescindir contrato com o F.C. Porto, e estava a regressar a uma casa que foi minha. Alcançámos um excelente resultado, mas não podemos esquecer que, ao minuto 90, estávamos a vencer por duas bolas a zero. O Jardel entrou e marcou e o Domingos empatou, num jogo que teve oito minutos de descontos¿», recorda o actual treinador de guarda-redes do Desportivo das Aves.
Uma década depois, Cândido voltou a participar, agora como técnico, num jogo especial para o Super Mário. Na 1ª jornada da Liga 2006/07, o Beira-Mar recebeu o D. Aves e o ponta-de-lança regressou aos golos em Portugal. Novo empate a dois golos. «É verdade, dez anos depois, voltei a estar presente na estreia do Jardel, no seu regresso a Portugal e aos golos. Agora, torci por fora. É público que ele teve alguns problemas com o peso, quando chegou, mas está a melhorar e marcou um belo golo de cabeça frente ao Aves», afirma, salientando o papel do técnico Inácio.
A importância de uma mão amiga
«O treinador, Inácio, já tinha orientado o Jardel e tem um papel importante, pela confiança depositada no jogador. É importante, até porque é difícil no futebol actual, sentir que temos pessoas que nos ajudam. O professor Neca fez-me a mesma coisa. Em 2000, vinha de um período de lesões e foi ele a recuperar-me, no D. Aves. Agora, voltou a demonstrar a sua confiança em mim», compara Cândido.
Aos 35 anos, o guarda-redes trocou a aprendizagem pelos ensinamentos. F.C. Porto, V. Setúbal, Boavista, Maia, V. Guimarães e Olhanense, que representou na época passada, são algumas etapas de um percurso que chegou ao fim. Cândido respondeu afirmativamente ao convite de Neca e passou a ser o responsável pelo treino dos guarda-redes do D. Aves, clube que representou na época 1999/00: «Não hesitei por um segundo. Agradeço a confiança do treinador e da direcção e tenho de dizer que vim porque este é um clube pequeno mas sério, que não falha com os seus compromissos. Tinha convites para continuar a jogar, podia fazê-lo até aos 38 ou 39 anos, mas esta proposta foi irrecusável, face ao actual cenário complicado no futebol português.»
Uma mão que continua a dar que falar
O D. Aves recebe, no sábado, o Sporting, e o jovem técnico espera que não haja reflexos da polémica levantada no decorrer da semana, sobre o golo marcado por Ronny (P. Ferreira), com a mão, no Estádio de Alvalade. «Sei perfeitamente como as coisas funcionam¿Estou de acordo com o professor Neca, quando ele lança o receio de poder haver efeitos negativos da pressão do Sporting. Mas não me compete falar sobre isso. As pessoas devem analisar o que aconteceu nestas três jornadas e tirar as devidas conclusões. Os jogadores do D. Aves vão dar o máximo para conseguir um bom resultado», concluiu.