Fernando Santos afirmou esta quinta-feira que tinha ficado «confuso» pelo facto de o Benfica-E. Amadora do passado domingo ter sido antecedido por uma reunião onde o seu adjunto participou e que Chalana tenha trazido indicações do árbitro Carlos Xistra para haver cuidado com as faltas e para não haver jogo muito duro. O Maisfutebol tentou perceber qual o âmbito da referida reunião.
«Essas reuniões já são feitas nas provas da UEFA há não sei quantos anos e desde que sou árbitro de primeira categoria [desde 2000/01] que as faço», afirmou Carlos Xistra, o árbitro do Benfica-E. Amadora, referindo que o que aconteceu foi uma das «reuniões preparatórias» dos jogos.
Esta é «uma prática que já existe há muito» explicou Vítor Pereira, antigo árbitro e agora Presidente da Comissão de Arbitragem da Liga lembrando que a realização destas reuniões com os vários elementos ligados à organização do jogo «são dos regulamentos».
«Já no meu tempo de árbitro se fazia (primeiro era na cabine do árbitro, depois passou a ser na do delegado da Liga)», recordou Vítor Pereira revelando, inclusivamente, que «este ano foi pedido aos árbitros para enfatizarem [nas reuniões] os cuidados com as perdas de tempo e o jogo violento».
A importância de ir à reunião
Estas reuniões contam com a presença do árbitro, dos delegados ao jogo pelos dois clubes, da Polícia e autoridades responsáveis pela segurança e pelas entidades responsáveis pela assistência médica, como os Bombeiros ou os maqueiros.
Carlos Xistra é um dos árbitros que gosta de ter também presente um elemento mais próximo dos jogadores. «Nós solicitamos que as equipas técnicas também estejam presentes nessas reuniões, geralmente através dos treinadores adjuntos» contou o árbitro frisando que já o faz «há muito tempo» e «semanalmente».
«Por exemplo, no Sporting-U. Leiria deste ano, ambos os clubes [pelos seus elementos da equipa técnica] abdicaram de ir à reunião», revelou Xistra destacando, todavia, que «é preferível que esteja lá um elemento desses», passando a explicar porquê: «Uma coisa é dizermos aos delegados [ao jogo pelo clubes] para haver mais cuidado com os cortes em carrinho ou as cotoveladas, ou as jogadas para as quais a Comissão [de Arbitragem] pede mais atenção; outra coisa é transmiti-lo a um treinador, a uma pessoa que já jogou à bola e que tem um contacto mais directo com os jogadores...»
Estrela leva sempre adjunto
Neste Benfica-E. Amadora do passado domingo, enquanto os encarnados corresponderam à convocatória de Xistra através da presença de Chalana, o Estrela esteve representado por Alexandre Santos - o adjunto de Daúto Faquirá - num habitual procedimento do clube tricolor na «reunião normalíssima uma hora antes do jogo», como assumiu o director geral do clube, José Luís.
«O Estrela, por regra, leva sempre um elemento da equipa técnica e o delegado ao jogo», assegurou o dirigente explicando que «os técnicos são os que melhor podem transmitir à equipa as indicações dos árbitros em relação ao jogo».
Jorge Coroado, antigo árbitro e actualmente comentador de casos de arbitragem frisou também que «essas reuniões já acontecem há algum tempo». «Eu saí em 2001 e no meu último ano de árbitro já havia [as reuniões]. Antes abordavam-se mais as questões de segurança. Agora, já se incluem também as questões técnicas e disciplinares [do jogo]», contou.
Estas reuniões «são decalcadas, em parte, das que já se faziam para as competições internacionais onde são dadas indicações às equipas para situações de jogo técnicas e comportamentais», acrescentou Coroado aproveitando para deixar um recado a Fernando Santos: «É de estranhar que só à sétima jornada o treinador do Benfica tenha despertado para estas reuniões.»