O Sporting confirma que foram afinal dois os contratos relativos à transferência de João Pinto para Alvalade. O segundo documento definia os termos do pagamento do prémio de assinatura, quatro milhões de euros agora em causa no processo em que o ex-empresário de jogadores José Veiga é arguido, sob suspeita de burla.
O clube emitiu esta quarta-feira um comunicado sobre o assunto, depois de o jornal «Público» ter revelado a existência de dois contratos.
O novo documento datará de 2 de Julho de 2000 e referirá a verba adicional como «prémio de assinatura», uma justificação diferente da que consta na factura passada pelo Sporting.
Segundo o «Público», João Pinto assume ter recebido o dinheiro, mas diz que foi o Sporting a propor-lhe o pagamento em forma de direitos desportivos.
No comunicado, o Sporting reconhece que o contrato foi efectivamente assinado por dois administradores, mas ficou sem efeito por «João Pinto e o seu empresário» terem entretanto informado que os direitos desportivos pertenciam à empresa de direito inglês «Goodstone». Daí existir uma factura dessa empresa na contabilidade do Sporting, como já foi tornado público.
José Veiga é suspeito de burla agravada neste processo, por alegadamente ter aproveitado a sua posição de empresário de João Pinto para ficar com quatro milhões de euros que eram destinados ao jogador. Este comunicado do Sporting, bem como declarações anteriores, vem mais uma vez indiciar que João Pinto estava ao corrente da existência de um prémio de assinatura no valor de quatro milhões.
Tudo isto se passou em 2000 e nunca foi noticiada qualquer acção judicial de João Pinto contra José Veiga, ou alguma empresa, visando reclamar o pagamento deste valor. O Sporting já reconheceu publicamente ter pago a última «tranche» directamente ao futebolista.
Leia o comunicado do Sporting
«O Conselho de Administração da Sporting, SAD, perante a divulgação na comunicação social da existência de um documento que consubstancia um Prémio de Assinatura a pagar aquando da contratação do Jogador João Vieira Pinto vem esclarecer o seguinte:
1. O documento em causa foi de facto proposto ao jogador e ao seu empresário como forma de liquidação dos direitos desportivos, a título de prémio de assinatura.
2. Uma vez assinada a minuta do Contrato por dois administradores, o jogador e o seu empresário informaram a Sporting, SAD de que a titular dos direitos desportivos do jogador João Pinto era a sociedade de direito inglês Goodstone Limited, representada pelo Senhor José Veiga e que seria esta a emitir a factura respectiva conforme é já público.
3. Esta alteração do acordo que a Sporting, SAD propôs ao Jogador, justificou que o documento então assinado pela administração não viesse sequer a ser registado nos arquivos da Sporting, SAD, dado que o Prémio de Assinatura se tornou imediatamente ineficaz "ab initio" e destituído de qualquer efeito.
4. A Sporting, SAD reitera que se torna crucial para o apuramento da verdade que todas as partes deste processo se disponham a colaborar com as autoridades, consentindo expressamente e por escrito na abertura das contas bancárias nas quais foram depositadas as verbas em causa, concretamente no Dexia, Banque International do Luxemburgo, e no Barclays Bank de Londres a exemplo e nos mesmos moldes que o fizeram os antigos e actuais dirigentes desta Sociedade.»