No início de 2002, César Peixoto era uma promessa do Belenenses. Recrutado ao modesto Caçadores das Taipas, o clube da sua terra, o, na altura, avançado, começava a mostrar ao país o potencial do seu pé esquerdo.

O F.C. Porto, de José Mourinho, ficou convencido e contratou-o, num processo moroso onde foi decisiva a vontade do técnico. César Peixoto era para contratar, custe o que custasse. O período azul e branco é que não foi tão decidido, acabando por ser intermitente, em grande parte devido a lesões.

Lembra-se do golo que marcou ao F.C. Porto (ver em baixo) ao serviço do Belenenses numa vitória por 3-0? Foi esse golo que lhe valeu o contrato?

Aquele golo ajudou ao meu contrato, mas já havia interesse. Acho que fez aumentar mais um bocadinho (risos). O F.C. Porto fez, na altura, um esforço enorme para me contratar, porque não foi fácil desvincular-me do Belenenses. Aliás, com pena minha foi um processo até algo complicado. Fiquei feliz de ver que o clube e o mister José Mourinho estavam mesmo interessados em mim.

Como foi trabalhar com José Mourinho? É tão especial como costumam dizer os jogadores?

O Mourinho é o melhor do mundo. E para se chegar a esse estatuto não pode ser só sorte. É muito bom, tem feito um trabalho fantástico nos clubes por onde passa e está de parabéns. A par do mister Jorge Jesus foi o melhor treinador com quem trabalhei.

A primeira grande lesão da sua carreira acontece num jogo decisivo da Champions, em Marselha, onde até foi uma das surpresas do onze. Um revés enorme, certamente.

Aquele jogo em Marselha foi um ponto de rutura para mim. Vinha a fazer bons jogos e a marcar há cerca de um mês mas a chamada ao onze em Marselha foi até algo surpreendente. Estava a fazer um grande jogo, com confiança. Sentia que me estava a afirmar no F.C. Porto. Depois surgiu aquela lesão que acabou por ser um revés muito grande não só naquele jogo e naquela temporada, mas na minha carreira. Estava extremamente esperançado com o que vinha a fazer e fui obrigado de parar.

Foi complicado o dia-a-dia do F.C. Porto pós-Mourinho?

Mourinho marca muito as equipas onde trabalha, os jogadores estavam habituados aos seus métodos e o início foi atribulado. O mister Del Neri não foi muito bem aceite pela equipa nem pelo próprio clube. Sentíamos que as ideias de jogo dele e a forma como queria que a equipa jogasse não eram as adequadas. Acabou por ser despedido e começou aquele ano atípico com três treinadores no F.C. Porto. Não foi fácil para os jogadores adaptarem-se a um F.C. Porto sem Mourinho. Acabei, aliás, por terminar essa época no Vitória de Guimarães, emprestado.

Vê Co Adriaanse como o pai do César Peixoto defesa esquerdo?

O mister Adriaanse gostava das minhas qualidades. Na altura veio ter comigo no início da época para dizer isso mesmo. Gostava da minha forma de jogar. Só que tinha o Quaresma para a posição de extremo esquerdo e achava que ele acrescentava algo mais. E sugeriu-me: o que achas de passares para defesa esquerdo? Explicou-me que na tática dele, que era muito ofensiva, o defesa acabava por não o ser, de facto. Era um falso defesa esquerdo. Eu vinha de um empréstimo, queria afirmar-me e aceitei. Dei o meu melhor, consegui adaptar-me bem e até fiz quatro ou cinco golos a jogar naquela posição. Estava a ser um sucesso. Depois veio outra lesão grave que deitou tudo a perder.

Quais foram os melhores jogadores com quem jogou?

Tenho de destacar o Vítor Baía, primeiro. Depois também gostei muito de jogar com o Deco e o Alenitchev, no F.C. Porto. Também o Di María, no Benfica. Tive a felicidade de jogar com grandes jogadores. Dos melhores portugueses, joguei com todos.

O tal golo ao F.C. Porto pelo Belenenses (1min):