O ano em que Portugal recebe pela segunda vez uma final da Taça/Liga dos Campeões é pretexto para recordar onze das mais inesquecíveis decisões da prova, nos seus 58 anos de existência. Pela qualidade ou espetacularidade dos jogos, e também pelo significado que tiveram na história do futebol europeu, eis as nossas escolhas:

1960
Real Madrid-Eintracht Frankfurt, 7-3


O ponto mais alto da lenda europeia do Real Madrid foi também a consagração de uma das melhores duplas avançadas de sempre: Puskas marcou quatro golos (um recorde que se mantém) e Di Stéfano três, na quinta Taça dos Campeões consecutiva a rumar para Madrid. A final com mais golos foi também a que teve mais público: quase 130 mil nas bancadas de Hampden Park, em Glasgow.



1962
Benfica-Real Madrid, 5-3


A vitória do Benfica sobre o Barcelona, um ano antes, tinha sido considerada fortuita. O reencontro com o pentacampeão serviu para tirar dúvidas. Tal como em Berna, os portugueses entraram a perder, mas deram a volta num jogo que simbolizou dupla passagem de testemunho. Dos «blancos» para os encarnados, e de Di Stéfano para Eusébio, os cetros europeus mudaram de donos.



1967
Celtic-Inter, 2-1


Da primeira vez que a final veio para Portugal virou-se uma página na história da Taça dos Campeões, que pela primeira vez em onze anos escapou aos representantes latinos. A reviravolta do Celtic perante anunciou um tempo em que a intensidade física de britânicos, holandeses e alemães iria dominar o panorama internacional. Um estado de coisas que durou até meados dos anos 80.



1972
Ajax-Inter, 2-0


Não foi a primeira nem a última conquista europeia do grande Ajax, mas foi aquela em que a influência de Cruijff mais se fez sentir, e não só nos dois golos com que os holandeses derrotaram o Inter. Na sua primeira final, em 1969, o Ajax tinha sido goleado pelo Milan (4-1). Três anos depois a relação de forças entre o futebol total e os expoentes do catenaccio já era bem diferente.



1977
Liverpool-B. Moenchengladbach, 3-1


O fim do domínio alemão e o início do ciclo mais triunfante do futebol inglês, com sete títulos em oito temporadas, a final de Roma marcou também a entrada do Liverpool no restrito clube das grandes potências internacionais. Bob Paisley, sucessor do mítico Bill Shankly, conseguia a primeira das suas três taças – um feito que, até hoje, nenhum outro treinador conseguiu igualar.



1987
FC Porto-Bayern Munique, 2-1


25 anos depois, uma equipa portuguesa voltou ao topo da Europa. Em grande estilo: a reviravolta do FC Porto sobre um favoritíssimo Bayern consumou-se numa segunda parte de enorme qualidade. Um lance genial de Futre deu o tiro de partida para um assalto final empolgante. Madjer fez o empate num calcanhar para a lenda e depois ofereceu a Juary o golo da vitória em bandeja de prata.



1994
Milan-Barcelona, 4-0


As duas equipas mais influentes dos anos 80 e 90 num tira-teimas em Atenas. O Barcelona, que três dias antes tinha conquistado um dramático título de campeão espanhol, era claro favorito, com Romário e Stoichkov frente a um Milan com a defesa dizimada. Mas os italianos, implacáveis, embalaram para uma das finais mais desequilibradas de sempre, pondo, na prática, fim à era-Cruijff



1999
Man. United-Bayern Munique, 2-1


Na final mais dramática de sempre, o Bayern dominou as operações e o marcador, acertou duas vezes nos postes e começou os festejos assim que o quarto árbitro assinalou três minutos de compensações. Mas, em apenas 137 segundos, dois cantos de Beckham, desviados por Sheringham e Solskjaer desmontaram o mito à vista de todos: no fim, nem sempre ganham os alemães.



2002
Real Madrid-Bayer Leverkusen, 2-1


42 anos depois do penta, o Real Madrid voltou a Glasgow para fechar um segundo ciclo, com três títulos europeus em cinco anos. Esse foi o jogo que fez de um jovem Casillas uma estrela mundial e em que - acima de tudo - Zinedine Zidane assinou a obra-prima da carreira, com um dos golos mais fantásticos de sempre em finais. Nunca mais os «galácticos» voltaram a sorrir assim.



2005
Liverpool-Milan, 3-3


A perder por 3-0 ao intervalo, frente a um Milan justamente reputado pela solidez defensiva, o Liverpool assinou em Istambul um dos grandes milagres da história do futebol, chegando ao empate com três golos em seis minutos. A partir daí o ascendente psicológico mudou de lado, e no desempate por penáltis os «reds» voltaram a ser felizes frente a italianos, como na final de 1984.



2011
Barcelona-Man. United, 3-1


O culminar da era Guardiola, com o segundo título europeu em três épocas, foi enriquecido pelo facto de ser conseguido em território adversário. Ao contrário do sucedido em 1968, Wembley não foi talismã para o Man. United, superado pelos catalães em quase todas as fases do jogo. Ferguson falhou o tri, na sua última final europeia. O lugar na história, esse, já estava garantido há muito.