O atraso na chegada do Sporting ao estádio e, por consequência, no apito inicial, virou por fim pesadelo para a equipa de Ruben Amorim.

Um golo de Francisco Trincão, aos 51 segundos, ainda permitiu uma entrada de sonho num Vélodrome despido de adeptos, mas uma tarde para esquecer de Adán ditou a primeira derrota dos leões na fase de grupos e os primeiros golos sofridos. Em contraste, o Marselha somou os primeiros pontos e marcou também os primeiros golos: 4-1 foi o resultado final na terceira jornada.

É certo que o Sporting não sai do topo do grupo na viragem para a segunda volta, mas as contas vão ficar bem mais equilibradas e Adán não é opção dentro de uma semana, na receção aos franceses.

Entrada de leão

Com 22 minutos para lá da hora original, a bola rolou no Vélodrome e nem foi preciso um minuto para Trincão fazer uma obra de arte, num lance bem trabalhado pelos leões: St. Juste colocou entrelinhas em Edwards, que soltou de imediato para a fuga de Trincão na direita. O extremo variou para o meio e libertou-se da marcação de Guendouzi para um remate em arco a bater Pau López.

O Sporting estava bem. Cedo em vantagem, com troca de bola sólida e Edwards a jogar bem no apoio de costas para a baliza. A força do coletivo superiorizava-se a um Marselha que estava com dificuldades em acertar marcações e em ter as melhores referências de pressão. Só assustou por Harit (5m) e quase levou o segundo golo, não fosse Pau López negá-lo a Pedro Gonçalves (10m).

Porém, tudo mudou a partir de Adán, num daqueles dias que ninguém quer ter. Ou recordar, quando os tem. Para o espanhol, foi a Lei de Murphy aplicada na perfeição.

Dez minutos para esquecer

Em dez minutos, três momentos mudaram por completo um jogo em que o Sporting estava bem.

Momento um, minuto 13: Adán recebeu um passe atrasado, dominou e pontapeou para a frente, mas não contou com Alexis Sánchez, que esticou a perna e conseguiu o ressalto para o 1-1.

Momento dois, minuto 16: Adán pontapeou longo, mas mal, para Guendouzi recolher e Clauss cruzar para Amine Harit cabecear solto na área, perante um desamparado espanhol.

Momento três, minuto 23: Nuno Tavares ganhou a frente a Ricardo Esgaio e Adán, na saída, tocou a bola com mão direita fora da área. Cartão vermelho mostrado por Davide Massa, Sporting em inferioridade no marcador e nos homens em campo.

De imediato, Amorim sacrificou Edwards e estreou Franco Israel na baliza, colocando Trincão solto na frente ao meio e recuando Pedro Gonçalves para formar um trio com Morita e Ugarte. Resultado: a equipa perdeu algumas referências, capacidade de jogo entrelinhas e também apoios para a profundidade.

Mas tudo corria mal e até ao estreante Franco Israel, que sofreu o 3-1 pela cabeça de Balerdi aos 28 minutos, numa saída não bem conseguida entre os postes.

Quarteto para a segunda parte, algumas melhorias, mas Mbemba por fim

O Sporting tentou minimizar perdas até ao intervalo e, se é verdade que estruturalmente não mudou para a segunda parte, surgiria com substituições esgotadas para os últimos 45 minutos. Amorim descansou St. Juste, Nuno Santos, Ugarte e Pedro Gonçalves e lançou José Marsà, Nazinho, Sotiris e Paulinho, ficando o avançado como principal referência à frente.

Os leões surgiram mais organizados, calmos e com paciência e até podiam ter reentrado no jogo cedo com um remate de Sotiris a rasar o poste (52m). Contudo, era uma missão demasiado hercúlea e depois de 20 a 25 minutos positivos, o Sporting perdeu algum gás e o Marselha acabou mais ofensivo e a sentenciar o jogo pelo ex-FC Porto Chancel Mbemba, aos 85 minutos. Franco Israel ainda defendeu um remate de Alexis, mas não evitou o 4-1 final, que só não acabou ampliado porque Alexis falhou de baliza aberta.

(IMAGENS ELEVEN SPORTS)