Na noite em que a criatura deu razão ao criador, Messi foi Messi e o Bayern caiu. Boateng - lembram-se? - espelhou numa queda literal a ascensão do génio argentino no jogo e o sucumbir da ideologia criada por Pep para o regresso a Camp Nou.

O Barcelona entra assim em Munique de peito feito, com as suas principais figuras – e são tantas! – numa forma extraordinária e suportado por um flagrante conforto estatístico:

. 94% das equipas que vencem a primeira mão por 3-0 apuram-se.

Para os amantes das grandes noites europeias, fiéis e indecorosos, há porém uma boa notícia: com este Bayern nada é um dado adquirido.

Javier Mascherano chamou, precisamente, atenção para esse dado nada irrelevante. Contra equipas alemãs, todo o cuidado é pouco, mesmo que os ferimentos infligidos pareçam irreparáveis.
 

Pep Guardiola: «Dead Man Walking«?

O próprio Luís Enrique mostra-se indisponível a dar a eliminatória por encerrada. Aliás, não será nada arriscado afirmar que o técnico catalão terá passado largas horas a analisar o comportamento errático do FC Porto no palco onde tudo se decide entre Bayern e Barça.

O que o dragão foi incapaz de fazer – ter bola, controlar os flancos defensivos, bloquear a receção ao oponente, não entrar em pânico – acaba por ser uma lição teórica para o Barcelona antes da viagem a Munique.  

Sempre capaz de lançar uma boa provocação, Thomas Muller recordou a hecatombe portista e avisou o Barcelona: «Somos capazes de repetir a dose».

Cauteloso, muito mais cauteloso, está Pep Guardiola. Ele lá terá as suas razões.  

Em causa, senhoras e senhores, está o acesso à final da prova europeia de clubes e o Bayern não está disposto a abdicar de Berlim.
 
 
O Barcelona não chega ao jogo decisivo da Champions desde 2011 (vitória de 3-1 sobre o Manchester United), o Bayern Munique procura repetir a obra de 2013 (Borussia Dortmund derrotado por 2-1).

É por isto que todos esperamos, é para jogos deste quilate que ansiamos e suspiramos.

O que é que este Bayern-Barcelona tem? Tudo, tudo, o dicionário do futebol, de A a Z, encontra aqui tempo e espaço.

Os melhores futebolistas do planeta, uma atmosfera incrível - com 75 mil espetadores -, um confronto de filosofias e um histórico carregado pela supremacia bávara: em quatro eliminatórias europeias, três caíram para o lado do clube agora treinado por Pep Guardiola
.

Os duelos começaram num duelo para a Taça UEFA (!), em abril de 1996.  

Há Iniesta e há Lahm; há Suarez e há Lewandowski; há Neuer e há Ter Stegen; há Xabi e há Xavi; até há os manos Thiago e Rafinha; há Neymar e há Schweinsteiger.

E depois há Messi. Messi e Messi, o homem que colocou a eliminatória nos termos em que se encontra. O homem que decidiu roubar o protagonismo a Manuel Neuer em Campo Nou e reclamar os encómios que ainda lhe faltavam.

Munique, terça-feira, 19h45: Bayern-Barcelona, tanto futebol para só um jogo. 
 

Leo Messi na sua versão de «Stairway to Heaven»


TODOS OS RESULTADOS ENTRE OS CLUBES:


Taça UEFA


. 1995/96
Bayern-Barcelona, 2-2 (Witeczek e Scholl) (Óscar e Hagi)
Barcelona-Bayern, 1-2 (De la Peña) (Babbel e Witeczek)

Liga dos Campeões


. 1998/99
Bayern-Barcelona, 1-0 (Effenberg)
Barcelona-Bayern, 1-2 (Giovanni) (Zickler e Salihamidzic)

. 2008/09
Barcelona-Bayern, 4-0 (Messi, 2 ; Eto’o e Henry)
Bayern-Barcelona, 1-1 (Ribery) (Keita)

. 2012/13
Bayern-Barcelona, 4-0 (Muller, 2; Gomez e Robben)
Barcelona-Bayern, 0-3 (Robben; Piqué, pb, e Muller)

. 2014/15
Barcelona-Bayern, 3-0 (Messi, 2 e Neymar)
Bayern-Barcelona, ???