Um verdadeiro dínamo parece este Benfica, que em dia de sorteio do Euromilhões garantiu mais uma presença na fase de grupos da Champions.

O Dínamo de Kiev não esteve à altura da exigência, mas a fragilidade é explicada também pelo contexto da própria Ucrânia, e é bom lembrar que a equipa de Mircea Lucescu tinha eliminado o Fenerbahçe de Jorge Jesus.

Mérito para o Benfica, portanto, que foi fiel à sua nova identidade do princípio ao fim da eliminatória, e com isso conseguiu um resultado muito folgado. O primeiro objetivo da época está alcançado, e até ver os indicadores entusiasmam os adeptos encarnados.

A vantagem trazida da Polónia já era promissora, mas este Benfica não parece dado a facilitismos, e a prova disso é que, mesmo com dois golos de diferença, Roger Schmidt não abdicou de nenhuma peça daquele que tem sido o onze-base.

As águias entraram em campo como se a eliminatória estivesse empatada, e a mostrar vontade de cedo colocar a segunda mão também a seu favor. Foi preciso esperar 27 minutos pelo primeiro golo, mas não por falta de oportunidades. Quando o capitão Otamendi inaugurou o marcador já se somavam 20 ataques e 10 remates à equipa de Roger Schmidt.

Antes já Grimaldo tinha acertado no poste de livre direto, por exemplo, e David Neres alugou uma bicicleta à qual Buschan decidiu tirar o crédito.

O próprio Otamendi já tinha deixado um aviso, de resto, mas à segunda tentativa marcou mesmo. O laboratório encarnado voltou a mostrar serviço e Neres tirou proveito de um canto curto para encontrar o capitão ao segundo poste.

Se a bola parada continua a dar lucro, a pressão subida também dá muito sustento a este Benfica 22/23, e a aproximação de Gonçalo Ramos levou Syrota, central do Dínamo, a fazer um passe lateral (sem olhar) que “serviu” Rafa para o 2-0.

O projeto ainda está no início, como Schmidt reconhece, mas o terceiro golo reforçou a ideia de que o Benfica tem versatilidade, tendo em conta que Neres marcou na sequência de uma transição rápida conduzida por Rafa, depois de ultrapassado um (raro) momento em que a equipa visitante subiu um pouco as linhas.

É bom lembrar as condicionantes do Dínamo, uma equipa a tentar abstrair-se do conflito militar no país enquanto joga, mas a oposição ao Benfica foi tão frágil que o maior sobressalto para a equipa portuguesa foi um choque entre Rafa e Gonçalo Ramos, no início do segundo tempo.

O avançado já nem voltou ao jogo, obrigando Schmidt a mexer no onze, e Rafa também não ficou muito mais tempo.

Nem este aparato fez o Benfica abrandar, por mais inevitável que fosse o efeito da saída de “diabos” como Ramos, Rafa ou Neres. Musa fez por mostrar serviço, ainda que sem conseguir o desejado golo, e Bushchan ainda justificou uma nota positiva com três defesas na etapa complementar.

A equipa de Roger Schmidt acabou o jogo com 62 ataques e 21 remates. Sentido único na caminhada para a fase de grupos da Liga dos Campeões.