A Undécima chegou na bota direita de Cristiano Ronaldo, a 9,15 metros de Jan Oblak. Desempate por grandes penalidades, quinto pontapé batido pelo português, bola na baliza do Atlético. Lágrimas colchoneras, euforia blanca, o Real Madrid volta a ser o senhor da Europa.

Final dura, intensa, nem sempre bem jogada, com nível artístico médio/baixo, de resto. Nada que preocupe Zizou Zidane e o império Real, claro, pois a velha máxima é para ser seguida até ao máximo do seu sentido: as finais jogam-se para ganhar, seja nos 90 minutos, no prolongamento ou nos penáltis.

Preocupação merece, sim, a exibição de Cristiano Ronaldo. Sem explosão, sem capacidade para decidir, sem fazer as monstruosidades a que nos habituou. Aparentemente limitado fisicamente, surgiu num par de ocasiões pela esquerda e num remate às luvas de Jan Oblak.

Tão perto do Campeonato da Europa, é impossível achar normal a exibição deste extraordinário futebolista. E logo numa final da Liga dos Campeões, um jogo à dimensão do talento de Ronaldo. Valeu o simbolismo do derradeiro penálti, da responsabilidade de CR7.

Melhor, bem melhor, esteve outro atleta de sangue lusitano. Yannick Ferreira-Carrasco, lançado por Diego Simeone ao intervalo, mexeu com a apatia colchonera e tomou de assalto a ditadura blanca, vigente durante o primeiro tempo, praticamente sem focos de resistência.

Nessa fase, Sergio Ramos voltou a fazer um golo ao Atlético, aparentemente em posição irregular, após desvio de cabeça de Gareth Bale.

FICHA DE JOGO E A FINAL SEGUIDA AO MINUTO

El Cholo mudou o desenho do Atlético de um previsível 4x4x2 para um venenoso 4x3x3. Griezmann numa ala, Carrasco noutra, Torres no meio. A colocação das pedras obrigou a alterar as movimentações e as dinâmicas do jogo, e o Real Madrid não reagiu nada bem.

Durante 20/25 minutos, o Atlético sufocou o Real e falhou uma grande penalidade. Antoine Griezmann fuzilou a barra de Keylor Navas, após falta de Pepe sobre Fernando Torres na área do Real.

Quando a tempestade já se parecia afastar da área merengue, com o relógio a correr a favor das pretensões de Zinedine Zidane, o Atlético chega ao empate. Dez minutos para os 90, bola na direita, cruzamento fantástico de Juanfran e emenda de primeira de Ferreira-Carrasco, o internacional belga filho de pai português.

Carrasco marcou e foi beijar a namorada à bancada.

Isto já depois de Jan Oblak, um cubo de gelo com luvas e chuteiras, ter salvo o Atlético duas vezes. Primeiro a parar uma bomba de Benzema e depois a sair corajoso aos pés de Cristiano Ronaldo. Exemplar, um guarda-redes soberbo.

1-1, tudo para o prolongamento, quando o Real já esgotara as substituições – Carvajal saiu lesionado, Kroos e Benzema também foram substituídos – e o Atlético com muito para decidir ainda a partir do banco de suplentes.   

Nada feito, porém, apesar de ténues tentativas de parte a parte. A final de San Siro foi para grandes penalidades e nesses instantes decisivos o único a falhar foi Juanfran. Um fardo demasiado grande para o honrado lateral carregar nos próximos dias.

Notas finais: exibições gigantescas de Casemiro (ex-FC Porto) e Savic, dois atletas menos mediáticos mas capazes de apresentar extraordinários níveis competitivos.

A Europa gosta do Real Madrid, o Real Madrid gosta da Europa. Uma conquista à medida da História blanca.