Se 90 minutos no Santiago Bernabéu são muito longos, o que dizer de 120.

Depois de perder por 3-1 na primeira mão, o Chelsea sabia das poucas possibilidades que iria ter para chegar às meias-finais da Liga dos Campeões, mas manteve a premissa e sonhou com o apuramento. Os ingleses deram a volta à eliminatória, os espanhóis voltaram a repor a igualdade e, já no prolongamento, Karim Benzema voltou a ser decisivo, ao fixar o resultado final em 3-2, que encaminha o Real para a próxima fase.

O Chelsea entrou no Santiago Bernabéu agressivo e com uma velocidade que o Real Madrid raramente conseguiu acompanhar. Os blues mandaram no jogo e ocuparam o meio-campo dos merengues.

Concentração. Rigor. Definição. O Chelsea anulou os pontos fortes dos madrilenos e exemplo disso é a exibição de Reece James. O lateral inglês até foi surpreendido por Vinícius com um túnel delicioso no início da partida, mas desde então fez um jogo a roçar a perfeição. Rudiger esteve também imperial no comando da defesa e Benzema esteve bastante apagado (até ao momento da decisão). Mount – qual 10 – baralhou os posicionamentos a Casemiro nas costas de Kai Havertz e Timo Werner.

Foi precisamente através do internacional inglês que o Chelsea mostrou que podia sonhar e reabriu a eliminatória. Após uma boa combinação no miolo, Mount rematou colocado e alimentou as esperanças blues.

Até ao intervalo, o tónico manteve-se. De um lado, um eletrizante Chelsea, à semelhança do homem que conduz a equipa, do outro, um conjunto apático e atarantado com o que se passava nas quatro linhas.

Nem o recomeço despertou o Real Madrid, que aos 51 minutos sofria o golo que empatava a eliminatória. Rudiger voltou a estar exímio, desta vez no plano ofensivo, e cabeceou para o 2-0 na sequência de um canto, que até nem devia ter sido assinalado, já que a bola não desvia em nenhum jogador do conjunto merengue.

O pesadelo em Madrid quase tomou contornos maiores quando Marcos Alonso, curiosamente formado no Real, completou a reviravolta, mas o VAR detetou uma mão na bola do lateral e anulou o golo.

Mas foi só o adiamento do inevitável. Aos 75 minutos, as trocas posicionais dos blues voltaram a confundir a defensiva espanhola, Werner penetrou na grande área, sentou Casemiro e não desperdiçou na cara de Courtois. Estava desenhado um quadro negro para a equipa da casa, que cinco minutos depois deu «sinal de vida».

O génio de Modric, com uma trivelada, descobriu o energético Rodrygo na grande área, que bateu Mendy, aos 85 minutos, encaminhando o jogo para prolongamento.

Ainda antes do tempo extra, Pulisic desperdiçou duas oportunidades clamorosas para sentenciar a eliminatória.

Nos 30 minutos adicionais, apareceram para decidir as estrelas. Vinícius andava tapado por James, mas numa das raras vezes em que lhe conseguiu escapar, picou para Benzema – que tinha enviado uma bola aos ferros, mas estava desinspirado – que voltou a colocar o Real Madrid na frente da eliminatória. O Sr. Champions, depois do hat trick diante do PSG e de outro em Stamford Bridge, voltou a dizer «presente».

O Chelsea, de forma mais irracional e com o desgaste físico evidente, ainda tentou igualar novamente a eliminatória, mas as mexidas na equipa merengue estancaram as investidas londrinas.

(Imagens vídeo Eleven Sports)