O coordenador técnico da academia do Benfica, Rodrigo Magalhães, projetou o embate dos oitavos de final da Liga dos Campeões ante o Ajax comparando os projetos dos dois clubes, reconhecidos não só, mas também, pelo trabalho feito nos escalões de formação ao longo dos últimos anos.

Em entrevista à Livescore, Rodrigo Magalhães afirmou que o Ajax é uma «referência» na formação e comentou aquilo que foi, nos últimos dez anos, o lançamento de jogadores por parte dos dois emblemas.

«Temos de ter a humildade de reconhecer que o Ajax é a nossa principal referência, no mundo. Mas o Ajax não é melhor do que nós, também temos de o dizer. Se compararmos os jogadores [lançados] nos últimos dez anos, acho que o Benfica está em vantagem», apontou.

Perante isto, o Maisfutebol analisou os futebolistas formados em Benfica e Ajax e que, nos últimos dez anos, jogaram nas cinco principais ligas europeias, as de Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália. O critério para um dado jogador formado num dado clube é o definido pela UEFA. «A UEFA define os jogadores formados nos clubes como aqueles que, independentemente da nacionalidade, treinaram nesse clube ou de qualquer outro da mesma federação durante pelo menos três anos, entre os 15 e os 21 anos de idade».

Benfica com menos jogadores, mas melhor média pelos máximos individuais de mercado

Os resultados mostram que o Ajax conduziu 34 jogadores da sua formação às «big-5» e o Benfica 25. Assim, e guiando-nos pelos dados do sítio Transfermarkt, os valores máximos de mercado que cada futebolista teve ao longo dos últimos anos mostram, no total agregado, que os jovens que cresceram no Seixal têm um valor de 666 milhões de euros. No caso dos valores máximos para os atletas formados no Ajax, são 687,25 milhões de euros. Esta diferença mostra, por outro lado, que o Benfica tem uma média mais valorosa a partir desses valores individuais máximos de mercado, com 26,64 milhões de euros per capita, para 20,21 dos do Ajax.

AJAX:

BENFICA:

O caso Ederson

O caso de um dos futebolistas que passou pela formação do Benfica e que valeu uma das maiores transferências do clube na última década e chegou à Premier League, ao Manchester City, foi o guarda-redes brasileiro Ederson Moraes, curiosamente referido por Rodrigo Magalhães. Porém, e seguindo o mesmo critério da UEFA para jogadores formados num clube, Ederson fica fora da lista dos formados pelo Benfica.

Apesar de ter quatro anos de Benfica, o internacional pelo Brasil fez apenas duas épocas na formação dos encarnados, entre 2009/2010 e 2010/2011. Foi dispensado em júnior e, no verão de 2011, rumou ao Ribeirão e depois ao Rio Ave, de 2012 a 2015. Voltaria ao Benfica ainda com 21 anos, mas já prestes a cumprir 22 e foi já com esta idade que cumpriu três anos de Benfica.

O caso Richairo Zivkovic

Entre os 34 nomes do Ajax há, porém, uma ressalva a fazer sobre Richairo Zivkovic, que chegaria à Premier League, onde jogou pelo Sheffield United. O avançado de 25 anos teve três anos de ligação ininterrupta aos neerlandeses, entre 2014 e 2017, embora tenha tido, pelo meio, empréstimos a Willem II e Utrecht.

Nota: analisados números, não talento e palmarés

Nesta análise que engloba um total de 59 futebolistas que chegaram às «big-5», não foram contemplados os minutos de utilização quando chegaram a esses campeonatos, nem o sucesso de carreiras, pelo número de títulos individuais ou coletivos conquistados.

Dando apenas um exemplo, jogadores como Rúben Dias, Bernardo Silva ou João Cancelo, todos formados no Benfica e já campeões pelo Manchester City em Inglaterra, apresentam um palmarés já relativamente rico, face a outras referências como Donny Van de Beek, que após a formação no Ajax e de ter sido campeão pelos neerlandeses, ainda não conquistou cetros no Manchester United.