Pouco mais de uma semana após a final da Liga dos Campeões, marcada por vários incidentes nas proximidades do Stade de France, em Paris, a UEFA pediu desculpa aos adeptos e publicou, esta sexta-feira, os termos da investigação independente que vai ser liderada pelo português Tiago Brandão Rodrigues, antigo ministro da Educação e atual deputado da Assembleia da República pelo Partido Socialista (PS).

«A UEFA deseja, sinceramente, pedir desculpa a todos os adeptos que vivenciaram ou testemunharam eventos assustadores e angustiantes na final da Liga dos Campeões no Stade de France, a 28 de maio, em Paris, numa noite que deveria ser de celebração do futebol europeu de clubes. Nenhum adepto deve ser posto naquela situação e isto não deve acontecer mais», refere a UEFA, em nota oficial.

O que dizem os «termos» para a investigação

O documento detalhado para a investigação, que vai examinar a tomada de decisão e o comportamento de todas as entidades envolvidas na final, foi publicado pela UEFA nas últimas horas e detalha que o alcance da investigação pretende «estabelecer um quadro geral e uma cronologia do que aconteceu durante o dia da final, quer dentro do estádio, bem como nas redondezas, incluindo as movimentações de adeptos (altura e número aproximado) para o estádio a partir dos vários pontos».

Além disso, vão ser examinados «todos os planos operacionais relevantes relacionados com a segurança, mobilidade, bilhética, assim como outros a critério do presidente da revisão», bem como «os planos e preparativos das entidades envolvidas na final, inclusive nos locais como os pontos de encontro de adeptos de Liverpool e Real Madrid».

«A Revisão Independente pretende identificar quaisquer problemas ou lacunas na implementação e no funcionamento das operações e avaliar os papéis e responsabilidades de todas as entidades envolvidas e a adequação da sua resposta a acontecimentos, no sentido de fazer recomendações para melhores práticas para futuro, para a UEFA e para os parceiros relevantes», nota, ainda, o organismo europeu.

Sobre as partes envolvidas, a UEFA nota ainda que a revisão independente vai envolver a Football Supporters Europe, os dois clubes finalistas, os adeptos em geral, a Federação Francesa de Futebol (FFF), a polícia e outras autoridades públicas locais e nacionais, assim como o operador do estádio.

A UEFA aponta que a investigação «deve ser concluída numa janela temporal o mais curta possível» e que as conclusões de Tiago Brandão Rodrigues, em conjunto com os peritos, irão ser detalhadas quando elaboradas.

Nos últimos dias, e após a final ganha pelo Real Madrid por 1-0, a ministra francesa acusou o Liverpool de ter deixado «adeptos à solta», enquanto o Governo britânico notou que «os adeptos merecem saber o que se passou». O Liverpool exigiu um pedido de desculpas do Governo francês e informou ter recebido milhares de «relatos de experiências horríveis» de adeptos. Esta sexta-feira, o Real Madrid também exigiu respostas sobre os incidentes em Paris.

Na terça-feira, a FFF e a UEFA informaram que foram detetados 2.800 bilhetes falsos.