O empate 2-2 no Estádio do Dragão na primeira mão dos 16 avos de final da Liga Europa deixa o FC Porto com a obrigação de conseguir um resultado melhor em Frankfurt para eliminar o Eintracht. Esta é a segunda vez que os dragões se veem com este resultado a meio da eliminatória antes de jogarem fora. Da primeira vez passaram.

Foi na época 2001/02, frente ao Grasshopper. O FC Porto empatou igualmente 2-2 no Estádio das Antas e foi depois vencer à Suíça por 3-2. Clayton jogou os dois jogos e foi o marcador do primeiro golo da reviravolta da eliminatória conseguida em Zurique. Ninguém melhor do que ele para saber o que os dragões precisam de fazer.

Os jogadores «têm de resolver» a questão. «Não há mais nada a fazer», disse ao Maisfutebol o antigo jogador do FC Porto numa síntese do que tinha vindo a explicitar. «Os grandes jogadores é que fazem a diferença. Está na hora de alguém tirar o coelho da cartola. Faz parte do futebol, não há outra solução.»

Dragões «têm facilitado»

Clayton tem bem presente na memória aquela eliminatória inédita até então. «Empatámos o jogo. Eu fui substituído pelo Postiga, que fez o empate», recordou da primeira mão para lançar o que foi feito no segundo jogo: «O Octávio [que era o treinador] apostou no mesmo onze e disse, por outras palavras, qualquer coisa como isto: vamos lá e resolvam o problema que criaram.»

O antigo extremo portista recorda também a «boa equipa» constituída por jogadores como «Pena, Capucho, Deco, Jorge Andrade, Paredes...» e conta que, «entre os jogadores, a conversa era só uma: jogámos mal e há que dar a volta à situação». E deram.

Como voltaram a dar na época seguinte, partindo de um resultado diferente deste 2-2. Em 2002/03, na caminhada do FC Porto comandado por José Mourinho vencedor da Taça UEFA, os dragões perderam 1-0 em casa e foram vencer 2-0 ao terreno do Panathinaikos. Das doze vezes em que os dragões começaram mal em casa (com um empate com golos ou uma derrota), esta foi a segunda e última vez em que conseguiram dar a volta fora.

Nesta quinta-feira, os portistas procuram assim a terceira reviravolta longe de casa. Numa apreciação geral a toda a época, Clayton considera que o atual FC Porto «não tem a consistência de outros anos». Falando «como portista» que acompanha «de longe» não só os resultados como os jogos «na televisão privada», o brasileiro frisa que os dragões «nos jogos em casa têm facilitado». O FC Porto «perdeu nos últimos três meses aquela força que tem tido».

«É um pouco estranho ver o Porto não ter a solidez de outros tempos. Mas também é difícil estar tantos anos por cima. Há épocas em que isso acontece [devido] desde a capacidade física, à sorte que tem faltado. Isso faz parte do futebol», explica Clayton sobre os ciclos das equipas.

Pode ser um «ponto de viragem»

Na altura da sua reviravolta, o FC Porto de Clayton estava no início da época; tinha acabado de ganhar a Supertaça ao Boavista antes de empatar nas Antas com o Grasshopper na 1ª mão da 2ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Seguiram-se a estreia no campeonato a perder em Alvalade e nova vitória sobre os axadrezados na liga antes do triunfo em Zurique.

Clayton considera que, para inverter a desvantagem para com o Eintracht, o FC Porto está em «melhor» altura do que em 2001/02: «Agora, os jogadores já estão juntos há bastante tempo. Há momentos bons e maus. Mas é mais fácil quando se está no meio da época: pela forma de conversar, de questionar, já se interpreta melhor.»

«O Porto tem uma estrutura. Os jogadores têm que se juntar e esta é a chance de apagarem a má imagem que deixaram. Se conseguirem dar a volta é um ponto de viragem [na época]». Clayton diz o mesmo que Paulo Fonseca também disse nesta quarta-feira. Clayton diz ainda mais: «São muitos jogadores de qualidade, mas têm de provar isso mesmo. São aqueles minutos que vão fazer a diferença na vida de jogador. É isso a vida de jogador», garante.

O antigo extremo conclui mesmo que tudo «está nas mãos dos jogadores», pois «os dirigentes fizeram o que tinham a fazer». E «o treinador vai colocar os melhores» e são «eles» que «têm de resolver». «Não há nada mais a fazer», como já se tinha referido no início. Quanto a si, Clayton também promete fazer a sua parte: «Eu vou fazer a minha fezada aqui também. A minha história com o Porto vai para além da de jogador. Eu vou torcer pelas pessoas que são Porto, pessoas que fazem parte da minha vida.»