«O Sporting está em primeiro e os adeptos estão felizes. Assim é que é bom», diz Cherbakov ainda antes de o Maisfutebol lhe perguntar acerca do atual momento da equipa de Alvalade.
«É difícil ver os jogos aqui, sabe? Não passam na televisão. Tenho conseguido ver um ou outro na internet, mas nem sempre dá. Vi o jogo com o Benfica e o F.C. Porto. Foram muito difíceis os dois. São equipas muito iguais», analisa.
Sem muitas questões pelo meio, vai atalhando assuntos e mostrando conhecimentos. «Têm um avançado muito bom. Gostei dele. Como se chama? Montero, isso. Está a marcar golos, parece bom», continua.
«É muito importante que eles ganhem o campeonato este ano. Já são muitos anos. Este novo presidente mudou muita coisa, mostrou que quer ganhar e a equipa está a perceber isso», destaca.
Falar do Sporting é, para Cherbakov, muito simples. Bem mais do que recordar o acidente que lhe mudou a vida há vinte anos.
Ainda assim, não se assume sportinguista. «Não posso dizer isso. É injusto para quem é sportinguista a sério. Eu tenho o Shakhtar Donetsk que é o meu clube de criança. O meu clube do coração. Mas depois vem o Sporting, claro», garante.
A paixão vem, naturalmente, do tempo que passou em Alvalade. Um ano e meio. Depois de brilhar no Mundial de Juniores de Portugal, em 1991, onde foi o melhor marcador, com cinco golos, jogando na equipa da União Soviética, chegou a Lisboa, para ficar, no ano seguinte.
Sousa Cintra gostou do estilo veloz e potente do avançado e juntou-o a um plantel que já tinha Balakov, Figo, Cadete ou Juskowiak. Cherbakov fez 21 jogos e marcou quatro golos, nesse ano. Na temporada seguinte já levava 16 e mais dois golos antes de ser obrigado a parar.
«No Sporting conheci grandes jogadores como o Figo e o Balakov e treinadores como o Bobby Robson e o Mourinho. São e foram pessoas grandes do futebol», elogia.
«Mourinho? É igual, só é mais difícil falar com ele»
Em Alvalade, Cherbakov conheceu o jovem José Mourinho ainda a dar os primeiros passos no futebol. Reencontrou-o há pouco e, garante, pouco mudou. O que está diferente é o «circo» à sua volta.
«Ele veio jogar com o CSKA Moscovo, há uns dois, três anos, e consegui falar com ele. Continua igual, a única diferença é que agora é mais difícil falar com ele. É muito conhecido, tem muitos seguranças, muita gente quer falar com ele. O que me disse? Fica para nós...», resume.
Voltando aos tempos atuais, Cherbakov lembra o que pode fazer a diferença, na sua opinião, nas contas do campeonato. «O Benfica e o F.C. Porto têm de jogar nas competições europeias e vão estar mais cansados. O Sporting só joga para o campeonato e pode aproveitar. Fica mais fácil e a equipa também é mais forte. Acho que o Sporting ganha este campeonato», vaticina.
«Vai ficar em primeiro, de certeza. O segundo lugar não interessa. Em Portugal, ser segundo não vale nada», diz.
Antes da despedida, um recado final. «Deixe-me só dizer mais uma coisa. Se o presidente quiser que me ligue que eu vou, com todo o gosto, à festa do Sporting no final do campeonato», atira, entre risos.
Um golaço de Cherbakov ao Beira-Mar: