O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

CHICO, CHERNOMORETS BURGAS (BULGÁRIA)

Olá caros leitores do Maisfutebol.

Aqui estou eu de novo a partilhar convosco algumas experiências da minha carreira enquanto profissional de futebol. Hoje irei abordar a minha estadia aqui na Bulgária.

Quando cá cheguei, em julho do ano passado, vinha recheado de ambição por enfrentar um novo e diferente desafio na minha carreira, bem como de curiosidade por vir encarar uma realidade diária totalmente diferente à que estava habituado em Portugal.

Conhecer e adaptar-me o mais rapidamente possível a um novo clube, a uma nova cidade, a um novo idioma, a uma nova cultura e a um novo sistema de escrita era muito importante para ir de encontro ao meu objectivo: ter sucesso nesta minha nova realidade profissional.

No entanto, como em tudo na vida, encontramo-nos sempre num processo de aprendizagem, a todos os níveis.

Até chegar à Bulgária jamais pensaria que existisse um país que, no que diz respeito à linguagem corporal, fosse diferente de todos os outros no Mundo. Refiro-me ao simples movimento vertical de acenar com a cabeça que fazemos para dizer que ‘Sim’ e ao movimento horizontal de acenar com a cabeça para dizer que ‘Não’. Exactamente. Aqui na Bulgária é ao contrário!

E como devem estar a imaginar neste momento, foi uma situação difícil de lidar no meu dia-a-dia (confesso que sete meses após a minha chegada, ainda não estou totalmente adaptado a esta caricata situação) e que chegou a gerar alguns episódios engraçados.

Num desses momentos, estava eu e o meu compatriota e colega de equipa Carlos Fonseca (ex-Feirense) num supermercado aqui em Burgas e quando chegamos à caixa para pagar, a senhora perguntou-nos se tínhamos cartão de cliente, ao que de imediato respondemos ‘não’, acenando horizontalmente com a cabeça.

Passados uns segundos de a senhora terminar de passar todos os produtos e os colocar nos respectivos sacos, deparámo-nos com ela a olhar para nós e a não efectuar o pagamento. Achámos estranho, mas quando reparámos ela estava à espera que lhe déssemos o cartão de cliente para depois de isso finalizar a compra.

Tudo isto porque para ela tínhamos acenado com a cabeça a dizer que sim! Tivemos que nos desenrascar com um ‘No Card Supermarket’ para sair dali o mais depressa possível com as nossas compras, porque entretanto soltámos uma valente gargalhada!

Em termos profissionais, finalizámos um estágio de 4 semanas numa unidade hoteleira em Pomorie (zona balnear búlgara), onde fizemos dois jogos de preparação por semana (quarta-feira e sábado) e onde nos restantes dias (excepto o domingo que folgávamos) a sessão de treinos era bi-diária, com vista à segunda fase do campeonato que recomeça daqui a 15 dias. Foram semanas difíceis e muito duras, em que a sessão de treino da manhã era só treino físico (sem bola), num clima muito frio e com alguma neve.

Como é hábito dizer, ‘são ossos do ofício’ e ‘quem corre por gosto não se cansa’. Essas semanas mais árduas já passaram e já me sinto preparado para que os jogos oficiais recomecem e para dar continuidade ao bom trabalho que aqui tenho desenvolvido.

O primeiro jogo será contra o CSKA de Sófia no dia 24 deste mês em nossa casa. O clube reforçou-se bem no mercado de Inverno e tudo iremos fazer para conquistar os três pontos contra um dos ‘grandes’ do campeonatobúlgaro.

Muito obrigado e até breve!

Chico»