Chiquinho Carlos, brasileiro que passou pelo Benfica na década de oitenta, ainda joga futebol. Aos 43 anos, representa o Igreja Nova, equipa da divisão de honra da Associação de Futebol de Lisboa. Uma longevidade rara, mas que tem um segredo muito simples.
«Só posso dizer que é amor ao futebol. Foi sempre a minha vida e ,apesar da idade, continuo a poder dar o contributo à equipa do Igreja nova», disse o veterano jogador ao Maisfutebol.
No auge da sua carreira, Chiquinho Carlos actuava como avançado, mas agora joga no extremo oposto do campo, no centro da defesa: «Fiz a época passada toda como libero e foi uma posição a que me consegui adaptar bem e sinceramente se me perguntasse há tempos atrás se eu ia fazer esta posição, eu diria que não.»
Um exemplo para os mais novos...incluindo o treinador
Carlos Santos é treinador-adjunto do Igreja Nova e mais novo que Chiquinho. Uma situação pouco normal, mas que em nada atrapalha a relação de trabalho: «É fácil, é mais velho do que eu sensivelmente sete anos mas não se nota. É como se fosse um jovem que estivesse a começar hoje, porque é de uma entrega total e receptivo a qualquer critica», explicou o técnico
A idade que o Bilhete de identidade teima em revelar esconde um espírito jovem, que apenas se mostra com a eterna companhia da bola de futebol. «O segredo é ser uma pessoa muito pacata. É muito calmo e humilde, leva uma vida dedicada ao futebol há muitos anos e continua, porque treina aqui de noite e de dia é adjunto no Mafra. Ele vive para o futebol e se puder passar o dia agarrado a uma bola é isso que ele faz», explicou o técnico.
Mais do que a idade ou a experiência, Carlos Santos considera que é a forma de estar no futebol que faz de Chiquinho Carlos um exemplo para os mais novos: «Esta época nem sempre tem sido titular, mas a maneira como ele treina e como se entrega nos treinos é um exemplo para qualquer um, especialmente para os mais novos, alguns com menos vinte anos de diferença.»
Bruno Rocha é um desses casos. Tem 25 anos mas é o segundo jogador mais jovem do plantel do Igreja Nova, e olha para o colega de equipa como um exemplo a seguir: «Já conheço o Chiquinho ainda dos tempos do Mafra, uma vez que eu estava nas camadas jovens e ele nos seniores, e desde ai fiquei com uma admiração especial por ele, porque é uma pessoa de uma humildade extrema. É um amigo dentro e fora do balneário e uma das pessoas que eu mais admirei ao longo da carreira de futebol.»
Com esta admiração consensual que reúne, não foi difícil para Chiquinho tornar-se uma bandeira do clube que representa. «Eu não sei se ele é a figura principal do clube, mas uma coisa eu tenho a certeza, qualquer que seja o campo a que nós vamos, toda a gente conhece o Chiquinho Carlos e toda a gente conhece o Igreja Nova por causa dele», revelou o colega de equipa.
Chiquinho não tem prazo para deixar de jogar, mas com uma vida dedicada ao futebol, o futuro só pode passar por uma carreira de treinador, até porque já é adjunto do Mafra. «Tenho sido adjunto dos seniores mas uma coisa que gosto muito é trabalhar com os miúdos e espero poder dar continuidade a isso», ambiciona o brasileiro.