O ciclista Pedro Lopes (LA-Pecol), campeão nacional de fundo, deverá ser suspenso e perderá o título devido a um controlo anti-doping positivo, disse à agência Lusa o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC).
«É natural que perca o título. Só não sei se o segundo classificado (Bruno Castanheira, da Milaneza-Maia) pode receber o título. Teremos de analisar os regulamentos», afirmou Artur Lopes, sublinhando que este é mais um caso de erro processual, em que o ciclista, na sua opinião o menos culpado, não deverá escapar de uma suspensão de, pelo menos, seis meses.
Depois dos casos de Hernâni Broco e Jorge Torre, revelados há poucos dias, Pedro Lopes é o terceiro corredor da LA-Pecol a acusar corticosteroide, substância cuja utilização figurava no processo do corredor, mas que deveria ter sido declarada num anexo para o efeito aquando dos campeonatos nacionais. Numa situação semelhante, o futebolista Rui Jorge, do Sporting, foi apenas advertido e escapou a um castigo mais pesado, mas Pedro Lopes é reincidente, uma vez que há cerca de dois anos teve outra análise positiva.
«Duvido que possa ser apenas uma advertência, porque o Pedro Lopes tem uma situação em que acusou cafeína há uns dois anos», revelou Artur Lopes. «Eu não desculpo situações de doping, mas este caso é ridículo, uma grande embrulhada, que podia ser evitada. E o ciclista é o mais penalizado», acrescentou.
Artur Lopes explicou que as normas da UCI dizem que o atleta pode utilizar determinadas substâncias, como é o caso desta, desde que tenha a prescrição no boletim de saúde, mas a lei nacional, que entrou recentemente em vigor, exige o preenchimento de um anexo a declarar a utilização do medicamento. Perante estes atenuantes, o Conselho de Disciplina da federação fará um inquérito e deverá pedir uma redução extraordinária da pena, mas Pedro Lopes, suspenso preventivamente, dificilmente escapará a um período de inibição que pode variar entre seis meses e dois anos.
O director desportivo da LA-Pecol considera que se trata de uma «situação injusta» e que «nunca houve intenção de omitir», pois, se assim fosse, a substância não constava no processo do corredor junto da UCI. «É natural que o médico tenha alguma responsabilidade, mas a minha avaliação é a de que se confrontam dois regulamentos: o da União Ciclista Internacional (UCI) e o do Conselho Nacional Anti-Dopagem», afirmou Américo Silva.
«Vamos lutar pela honestidade do Pedro. Isto é um problema mais burocrático do que outra coisa. Agora, está na mão de quem rege. É uma situação melindrosa. Não houve intenção de omitir e penso que esse dado deve ser levado em conta», acrescentou. Antes dos seus comentários sobre a análise positiva de Pedro Lopes, Américo Silva fez um pedido de desculpa aos jornalistas, por tê- los «induzido em erro», quando disse que o campeão nacional estava ausente da Volta a Portugal por lesão e que os rumores sobre doping eram especulação.
«Não foi com intenção de enganar. Custou-me um pouco. A razão é que existem normas que nos obrigam a manter o sigilo. Só por isso tentámos manter o caso no secretismo. Peço imensas desculpas», afirmou o director desportivo.