A 97ª edição da Volta a Itália dá hoje as primeiras pedaladas com um arranque peculiar em Belfast e vai ainda até Dublin antes de começar verdadeiramente no «calcanhar» da bota (Giovinazzo) na terça-feira, terminando em Trieste a 1 de junho. São 3450 quilómetros com muita montanha pelo caminho.

Rui Costa não estará presente, mas Portugal vai estar representado por André Cardoso, da Garmin Sharp, que tem como objetivo apoiar o chefe de fila Ryder Hesjedal, para além de Dan Martin, como referiu o próprio atleta na sua conta de twitter.

«Acredito que possamos discutir o Giro. Tenho todo o gosto em estar nesta equipa e poder trabalhar neste sentido. Concretamente, para o Daniel Martin e o Ryder Hesjedal. São os líderes da equipa e têm todas as condições, não fosse o Ryder o vencedor de 2012. Acho que o Daniel Martin tem demonstrado estar a entrar num bom momento de forma e dá todas as garantias para a equipa apostar nele», disse à Lusa o corredor de Gondomar.

O jovem ciclista vai utilizer a sua página no Facebook para relatar as incidências ao longo do Giro, numa abordagem muito interessante. Pode acompanhar aqui:
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André Cardoso não figura entre os favoritos à conquista da malha rosa, uma vez que as atenções estão concentradas em Nicolas Roche (SAXO-Tinkoff), Cadel Evans (BMC Racing), Rigoberto Uran (Omega Pharma –Quickstep), Michele Scarponi (Astana), Nairo Quintana (Movistar) e Joaquim «Purito» Rodriguez (Katusha).

Depois de vencer o Giro de Trentino e decido a abdicar da Volta à França, Cadel Evans chega ao Giro como um dos principais favoritos à conquista da prova. Aos 24 anos, Nairo Quintana é o corredor que todos querem bater, nomeadamente na montanha (para além de ser o favorito nas apostas), tendo provavelmente como maior rival Joaquim Rodriguez, que alcançou o pódio em três das quatro Voltas que correu em Itália, mas nunca venceu.

Com o Giro a começar em Belfast, os adeptos irlandeses acreditam em Dan Martin (Garmin), que procurará vencer uma das etapas em casa, o mesmo se aplicando ao seu primo Nicolas Roche (o seu pai, Stephen, foi o único irlandês a vencer o Giro, em 1987), ambos com a perspetiva de estarem entre os dez primeiros ou até no pódio.

Mas há um outro colombiano que pode surpreender. Trata-se de Rigoberto Uran, que se apresenta como líder da equipa Omega Pharma-Quickstep, depois de ter reprentado a Sky na época passada. Embora não se tenha apresentado em grande forma na Volta à Romandia, espera-se que esteja melhor no Giro e será com certeza um nome a ter em consideração.



O Giro arranca com um contrarrelógio por equipas em Belfast, mas tem outras dificuldades pelo caminho. O contrarrelógio individual da 12.ª etapa e a última semana, recheada de duras etapas de montanha, incluindo uma cronoescalada, são os pontos-chave da corrida.

«O início é sempre stressante, todos os ciclistas têm muita força, toda a gente quer estar na frente, ninguém quer perder tempo e isso faz com que o desgaste seja maior, a velocidade seja alta e, com o decorrer da prova e o acumular de quilómetros, vai fazer com que as diferença sejam maiores», considera André Cardoso.

Como qualquer corredor, dos quase 200 que compõem o pelotão, André Cardoso gostaria de ter o seu dia de glória, mas tem a noção de que é praticamente impossível, porque a sua missão é «defender os objetivos principais, que são os da equipa». «No fundo, é o que a equipa espera de mim, que esteja bem, que esteja ao lado dos líderes para ser uma mais-valia nas etapas de grande dureza, de alta montanha. Só se as coisas corressem muito mal [à equipa], saíssem fora de controlo, é que surgiam oportunidades de tentar chegar numa fuga ou algo do género», explicou.

No seu primeiro ano numa equipa do World Tour, André Cardoso sente que nas corridas do primeiro escalão «a exigência é mais alta, a concentração exigida também é maior», mas diz que é injusto estabelecer comparações com as equipas por onde passou, porque o que faz a diferença são os recursos.
Confira o mapa com todas as etapas do Giro de Itália.