O ciclista francês David Gaudu beneficiou esta terça-feira de um erro monumental de Wout van Aert para vencer a terceira etapa do Critério do Dauphiné, na qual Rúben Guerreiro foi quarto classificado, com o belga a recuperar a amarela como consolação.

Num episódio de excesso de confiança, o colosso belga da Jumbo-Visma ergueu os braços antes de tempo – num déjà vu da celebração antecipada (e errada) de Julian Alaphilippe na Liège-Bastogne-Liège de 2020 -, e permitiu que o corredor da Groupama-FDJ o ultrapassasse sobre a linha, para ser o primeiro no final dos 169 quilómetros entre Saint-Paulien e Chastreix-Sancy, em 4:09.38 horas.

Van Aert, cujas mãos ao alto rapidamente caíram sobre a sua cabeça, numa constatação do erro que tinha cometido, foi segundo, à frente do francês Victor Lafay, com o português Rúben Guerreiro (EF Education-EasyPost) a alcançar um meritório quarto lugar na tirada e a subir a sexto na geral.

«Quando ele levantou os braços, eu já tinha passado. […] Perseguia uma vitória como esta desde o início do ano», assumiu Gaudu, considerando que este triunfo abre boas perspetivas para o futuro e acaba com as dúvidas sobre o seu momento de forma, na antecâmara da Volta a França.

Antes de o francês, vencedor da segunda etapa da última Volta ao Algarve, celebrar na meta em Chastreix-Sancy, coincidente com uma contagem de segunda categoria, a jornada foi animada por seis fugitivos, alcançados já dentro dos 10 quilómetros finais.

Com a liderança de Alexis Vuillermoz para defender, a TotalEnergies assumiu a perseguição à fuga do dia, inicialmente formada por Jonas Wilsly (Uno-X), Thomas Champion (Cofidis) e Sebastian Schönberger (B&B Hotels-KTM), que receberam, posteriormente, a companhia de Pierre Roland, Alexis Gougeard e Miguel Heidemann, todos da B&B Hotels-KTM.

A inexperiência da formação francesa, do segundo escalão mundial, obrigou a Jumbo-Visma a entrar ao serviço, para apanhar os fugitivos, na esperança de devolver a amarela a Wout van Aert, um objetivo concretizado após o falhanço da discussão da etapa.

«Sinto-me envergonhado, porque trabalhámos arduamente durante todo o dia e no final perdi por minha culpa. Não tenho palavras. Vi que tinha superado o corredor da Cofidis à minha esquerda, e pensei que estava ganho, mas não vi a progressão do Gaudu, que acelerou à minha direita», reconheceu WVA após cortar a meta.

O belga, primeiro amarela desta edição do Dauphiné, regressou ao comando da geral, com seis segundos de vantagem sobre Gaudu e 12 sobre Lafay, enquanto Guerreiro está a 16 segundos do homem da Jumbo-Visma.

O anterior líder, que foi o primeiro francês a comandar a geral do Dauphiné desde Christophe Moreau em 2007, perdeu um minuto e caiu 40 posições, sendo agora 41.º da geral, com o outro português em prova, Ivo Oliveira (UAE Emirates) a ser 115.º, a mais de 15 minutos de Van Aert.

Na quarta-feira, o campeão belga defende a liderança no contrarrelógio de 31,9 quilómetros, entre Montbrison e La Bâtie d’Urfé.